O nada a declarar do parlamentar, que mesmo sendo do PSOL apóia o governo de Dilma Rousseff, ao lado de seu ídolo da juventude, o também senador João Alberto Rodrigues Capiberibe, se intensificou ainda mais depois que o perito da Unicamp, Ricardo Molina, um dos mais renomados do País, concluiu o laudo e comprovou que as assinaturas nos recibos que atestavam o pagamento de R$20 mil vindos do governo de Capiberibe, entre 1999 e 2002 eram mesmo do então deputado Randolfe Rodrigues. Molina vai mais além e diz que não houve qualquer alteração ou transposição que atestasse fraude. A comprovação do perito colocou em xeque o posicionamento do Procurador Geral da República Roberto Gurgel, que ao ter conhecimento das denúncias tratou de arquivá-las sem ter para isso, qualquer embasamento ou comprovação de que seriam falsas. Gurgel simplesmente se apoiou em uma posição pessoal e estritamente particular e argumentou não acreditar que um parlamentar assinaria de próprio punho o recebimento de dinheiro que o pudesse incriminar.
O procurador foi alvo de ferrenhas críticas na imprensa nacional, principalmente de revistas como a Carta Capital, que colocou em dúvida sua conduta à frente de um dos órgãos mais importantes na garantia da aplicabilidade da Justiça brasileira. Existiriam interesses no comportamento duvidoso de Roberto Gurgel em querer defender Randolfe Rodrigues e João Capiberibe, denunciados por propinagem? Os R$ 20 mil pagos a Randolfe Rodrigues durante os quatro anos de seu mandato, como atesta o laudo de Ricardo Molina engordaram o salário do parlamentar de simplórios pouco mais de R$ 4 mil, para quase R$ 25 mil ao mês. Por ano, o rendimento seria algo em torno de R$ 300 mil. Em quatro anos de mandato, o faturamento do político chegaria a algo em torno de R$ 1,2 milhão. Nos primeiros dias após a denúncia protocolada na Capital Federal, a estratégia de Rodrigues e Capiberibe foi o ataque. Deram as mãos e percorreram todas as emissoras de rádio pagas e controladas pelo governo.
A essa altura, o senador também já havia deixado de ser oposição ao PT, posicionamento do PSOL nacional, e se colocado embaixo das asas do PSB, que é da base de apoio a Dilma. Lá, ele estaria protegido das investidas de Fran Soares Júnior, autor das denúncias em Brasília e ex-presidente da Assembleia Legislativa do Amapá, quando Capiberibe era governador e Randolfe, deputado. Os dois senadores trataram de tentar desqualificar Fran, desconsiderando que o que estava sendo julgado não era quem ofertava a denúncia, e sim o que ela continha.
Para João Capiberibe e Randolfe Rodrigues, o ex-presidente não tinha condições morais para denunciá-los. Capiberibe só não lembrava em seu discurso moralista, de sua cassação por compra de votos, que colocou o Amapá na história política do País como o primeiro Estado a ter um senador da República expulso do mandato. Já Randolfe não esbraveja mais nos microfones dos programas sustentados pelo Estado governado pelo PSB, que ele, até pouco tempo criticava.
Mas a história de Randolfe Rodrigues não para por aí. Ela tem novos capítulos. O segundo episódio foi nova denúncia. Desta vez envolvendo o nome do senador em irregularidades praticadas na época em que ele era presidente do Centro de Juventude Chaguinha. Segundo o que chegou novamente às mãos do STF, Senado e Procuradoria Geral da República, um convênio firmado entre o Centro e o governo, revelou crimes que vão da falsificação de assinaturas a peculato, envolvendo novamente o nome de João Capiberibe. Empresas teriam sido citadas para executar serviços, mesmo nunca tendo trabalhado com o segmento especificado. Tudo constatado por auditores do Tribunal de Contas do Estado. O relatório foi apresentado incriminando Randolfe e Capiberibe, mas curiosamente as contas foram aprovadas, o que resultou no afastamento de altos funcionários do TCE e até conselheiros.
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