quinta-feira, 19 de setembro de 2013

ARTIGO - A HORA DA COLHEITA DE PROFESSOR PAULO JOSÉ DE OLIVEIRA

Recentemente, conversando com um grupo de alunos concluintes do 3º ano do ensino médio e que prestarão exames para o vestibular e para o Enem, os observei cheios de dúvidas e inseguranças buscando encontrar respostas sobre que caminho seguir. A fala de um dos jovens me chamou bastante atenção, quando ele assim se expressou: “professor, acho que quero perder o ano”. Olhei prá ele e perguntei-lhe: “ora, se você já chegou até aqui, por que perder o ano justamente agora? “Professor, eu não estou preparado pra sair da escola”, respondeu o jovem. Percebi uma tristeza enorme na fala e nos olhos daquele aluno e uma verdade que jamais ouvi em todo o tempo em que milito na educação.

Comecei a fazer algumas reflexões sobre o momento descrito acima, nossas escolas estão preparando os jovens prá que mesmo? Os conteúdos são completamente desconectados da realidade, o sistema de avaliação é um estelionato pedagógico onde a média é 5.0 (Cinco), pois sabemos que com essa média o aluno não ingressará em nenhum curso superior de alto nível, o sistema de avaliação limita-se apenas a contagens numéricas para obter os índices projetados pelas agências financiadoras da educação brasileira, principalmente o Banco Mundial, que, com políticas de intervenção e regulação, tira o foco dos princípios básicos da educação que é o ensino e aprendizagem.

Ficamos orgulhosos de sermos penta campeões mundiais de futebol e que a Argentina tenha apenas 2 campeonatos, no entanto, pouca gente sabe que a Argentina é detentora de 5 ( cinco ), Prêmios Nobel e o Brasil não tem nenhum. Isso significa uma goleada no nosso sistema educacional, e, o que é mais importante, todos ganhadores do Prêmio Nobel eram professores temos que percorrer um grande caminho para que esse profissional seja respeitado no Brasil. Não será por isso que nossos jovens dedicam-se a treinamentos intensivos e exaustivos para tornar-se jogador de futebol, e não tem a mesma determinação quando se trata de dedicar-se aos estudos?

Se imaginarmos o nível de leitura dos nossos estudantes é bastante preocupante, segundo pesquisas a media é de apenas 2 ( dois), livros lidos por ano, enquanto Chile, Argentina e México os estudantes leem em média ler-se 6 ( seis), livros/ano.

O descaso com a juventude é gritante, utilizando-se da educação para manter uma estratificação social injusta, alimentada por políticas compensatórias na perspectiva de potencializar a privação cultural, estabelecida pela sociedade de consumo neocolonial e neoliberal.

É necessário ainda imaginar que, o percurso formativo da educação básica de um aluno tem a duração média de 11 anos, é um grande de investimento de tempo e de dinheiro por parte da família e pelo próprio estudante para não conseguir colher os frutos que foram plantados e regados. As mudanças ocorridas no âmbito econômico, cientifico e tecnológico não parece propiciar uma sociedade mais justiça e solidária; ao contrário, introduzem novas forma de desigualdade e injustiça que pode aumentar a pobreza a marginalidade e a exclusão.

Infelizmente o sistema educacional brasileiro vem historicamente plantando incertezas, alimentando uma estrutura social cruel e excludente, reestruturando as novas capitanias hereditárias, com reserva de mercado nas universidades para os chamados cursos de elite, sobrando para os filhos do povo colher apenas sonhos e desesperanças. Se realmente quisermos mudar essa realidade precisamos urgentemente mudar a educação no Brasil.

Professor Paulo José de Oliveira

Nenhum comentário:

Postar um comentário