quarta-feira, 27 de março de 2013

SERRA PODE CONCORRER A GOVERNADOR, TEME ALCKMIN

O ex-governador José Serra será candidato a governador de São Paulo pelo PPS. Com esta possibilidade trabalha o núcleo político do Palácio dos Bandeirantes. O próprio governador Geraldo Alckmin enfrenta esse receio, mas não irá admitir publicamente. Mesmo entre os tucanos, o assunto é tabu.

"Marola", "haverá acordo", "não tem isso" são algumas expressões usadas para desdenhar da possibilidade de saída de Serra da agremiação. O próprio Serra, no entanto, ainda não se pronunciou para acabar com os rumores. Ao contrário, fez, na semana passada, um encontro com o governador Eduardo Campos, do PSB, que estrategicamente foi vazado para a mídia. No momento em que seu partido procura se unir em torno do presidenciável Aécio Neves, Serra anunciou que seria "bom para a política" que Campos concorresse a presidente da República em 2014. Muy amigo, como se diz a respeito dos integrantes que não ajudam o seu próprio time.

Serra é fundador do PSDB e já está ouvindo, indiretamente, apelos à unidade partidária. Na noite da segunda-feira 25, discurso do ex-presidente Fernando Henrique martelou essa tecla. FH falou durante congresso do PSDB paulista que foi marcado pelo lançamento, por Alckmin, do senador Aécio Neves para a presidência nacional do partido.

"Como dizia Mario Covas, só unidos somos fortes", frisou o ex-presidente. O PSDB foi fundado, em 1988, a partir de um racha no PMDB.

O medo generalizado, mas não assumido publicamente, entre os tucanos, é o de que Serra resolva, no seu tempo, usando todos os recursos da legislação eleitoral, sair do PSDB. Ele avisou que queria ser presidente da legenda, mas foi ultrapassado pela articulação mais forte de Áecio. Agora que a seção paulista do partido se manifestou pró-Aécio, a bola está no campo de Serra. A pergunta que não cala é: como ele vai reagir?

A julgar pela tensão de seu aliado senador Aloysio Nunes, ontem, Serra não gostou nada do que houve. "Não vou falar sobre unidade daqui, unidade de lá. Isso é assunto interno do partido", respondeu seriamente o senador, sempre polido, ao 247. Foi antes do discurso de FHC, público, por...unidade no partido!

Alckmin, nesse meio, deixou para o que considerou ter sido a última hora seu apoio a Aécio. Ele já avisara Serra que sua posição sobre o muro em relação ao senador mineiro está insustentável. Alckmin desceu para o lado de Aécio, no entanto, de maneira barulhenta. Coordenou a lotação da sede do diretório paulista por militantes de base da legenda e o lançou a presidente do PSDB em discurso do qual não pode voltar atrás. Deixou, porém, aberta a porta para escolher o candidato do partido a presidente da República mais tarde. "Isso é assunto para mais para o final do ano", disse ele ao 247. "Vamos etapa por etapa".

A ressalva é insuficiente para Serra. Tucanos ligados a Alckmin, de dentro do governo paulista, temem que o ex-governador, em represália, não mude de partido para sair candidato a presidente da República, mas, sim, a governador de São Paulo. Para executar esse movimento, ele pularia para o PPS de Roberto Freire, obteria o apoio regional do PSB de Campos e ainda poderia atrair o PV estadual. Essa coligação somaria seis minutos no horário eleitoral gratuito estadual no próximo ano. Viabilizaria, assim, um grande espaço para Serra dividir os votos no campo eleitoral que Alckmin considera seu e, efetivamente, sonhar com a vitória. De maneira nenhuma a "revolução" de Serra, na expressão do ex-governador Alberto Goldman em entrevista ao 247, desagradaria ao PT. O partido da presidente Dilma Rousseff teria em São Paulo, com Serra e Alckmin no páreo por partidos diferentes, chances rasgadas de chegar ao segundo turno e, dali, tentar uma vitória inédita em sua história.

A hipótese de Serra concorrer ao governo de São Paulo – e não à Presidência da República, repita-se – pode se dar, até mesmo, pelo PSDB. Ocorreria, neste caso, se o senador Aécio Neves não topar concorrer ele próprio ao cargo. Escolheria, nesse caso, disputar o governo de Minas Gerais, onde o governador tucano Antonio Anastasia chega a torcer por essa possibilidade. Ele já se reelegeu e não poderá concorrer outra vez ao cargo, esperando por Aécio para defeder sua administração diante de um forte adversário esperado no PT.

O posto de candidato a presidente pelos tucanos sobraria, então, para Alckmin – e Serra poderia ser candidato em São Paulo. Mas esta é a possibilidade mais remota, uma vez que Aécio está disposto a concorrer à Presidência, considerando ter chances objetivas de chegar ao cargo como maior líder da oposição.

O certo é que os tucanos ainda irão se debater com muitos 'se' até que os caminhos de seus principais líderes para 2014 se definam.

Em tempo: nem mesmo o ex-presidente Fernando Henrique, em ótima forma física aos 80 anos, está descartado como alternativa a um eventual movimento de Aécio na direção do governo de Minas. Ele poderia ser chamado caso o ex-presidente Lula assuma a disposição que, hoje, é da presidente Dilma.


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