No caso de Campos, o levantamento é um pouco mais dramático, pois aponta que a região que mais alavanca a popularidade da presidente é o Nordeste, onde 72% dos eleitores acham o governo dela bom ou ótimo. A pesquisa apontou que a aprovação pessoal da presidente está no recorde de 79%, enquanto Lula e FHC tiveram 58% e 70%, respectivamente, no terceiro ano de mandato. No Nordeste, o percentual de aprovação de Dilma sobe para 85%.
Para especialistas, o gestor pernambucano encontra-se em uma “saia justa”, pois, embora o Nordeste seja o seu principal reduto, é também o do PT desde o Governo Lula. Mas, para o vice-presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, o valor eleitoral da pesquisa é “zero”. Amaral considera que a pesquisa é importante apenas para avaliar o prestígio eleitoral de Dilma. “Mas não tem valor de projeção eleitoral. O valor desta pesquisa é igual a zero”, disse.
De acordo com o socialista, o levantamento antecede muito as eleições do próximo ano, o que, segundo ele, implica em baixa credibilidade do levantamento. O dirigente criticou a antecipação do debate eleitoral: “Eleições 2014 devem ser discutidas em 2014”.
Risco
Em meio às recentes críticas de Eduardo Campos à gestão da presidente Dilma no que diz respeito à política econômica do governo e aos planos de desenvolvimentos regionais, o cientista político da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Michel Zaidan afirma que será arriscado para o gestor pernambucano se candidatar a presidente da República em 2014 diante deste cenário.
“Vai ser um risco muito grande continuar criticando o governo aquele (Eduardo Campos) que ainda é tido como aliado do Governo Federal. Com a popularidade de Dilma em alta, provocada, em grande parte, pelo estímulo ao consumo, perde apoio da população quem criticar o governo”, diz o especialista.
Segundo Zaidan, o comportamento do Governo Federal em relação à seca, considerada a maior dos últimos 50 anos do Nordeste, pode dificultar os planos do governador Eduardo Campos para 2014. “Se o governo encaminhar bem as soluções contra a seca, a popularidade de Dilma tende a subir”, afirmou. O estudioso ressaltou, no entanto, que falta planejamento ao governo para solucionar problemas como a estiagem, que afeta quase 11 milhões de nordestinos, fazendo jus a políticas públicas de longo prazo.
Reduto
O fato é que a Região Nordeste é o principal reduto eleitoral não só da presidente Dilma, mas também do seu antecessor, o ex-presidente Lula. Estímulo ao consumo, com a desoneração da cesta básica e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros e produtos da linha branca, redução nas contas de energia e o baixo nível de desemprego são as principais medidas que alavancam a popularidade de Dilma na Região.
Enquanto isso, Eduardo Campos segue montando as articulações com lideranças políticas e, caso tenha um palanque com um tamanho significativo, terá mais tempo de guia eleitoral e uma consequente maior visibilidade nacional. De acordo com o cientista político da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), José Luiz da Silva, a popularidade da presidente Dilma é mais determinante para atrair o eleitorado. “Com o guia, Eduardo (Campos) pode equilibrar o jogo. Mas a popularidade de Dilma é ‘imbatível’. Um bom tempo no guia não será o suficiente para Eduardo conquistar o eleitorado e a presidente Dilma perder a reeleição. Ela é a favorita”, declara o especialista.
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