Assim está o PSDB nesta quarta-feira 20. Semanas antes da convenção nacional que vai definir o novo presidente do partido -- que estava marcada para março, pulou para abril e pode ser realizada apenas em maio --, o senador Aécio Neves acredita estar conseguindo o apoio do PSDB paulista, mas não tem a mesma certeza quanto a obter o aval do ex-governador José Serra. Pode ser, mas também tudo ainda pode acontecer.
Aécio já admite publicamente o que havia dito nos bastidores do partido: está decidido a se tornar presidente da legenda. Ele recebeu conselhos em contrário de bons aliados, mas contra-argumentou que considera a posição importante para somar forças no partido e se firmar como líder da oposição ao governo Dilma e ao PT. Para essa empreitada, segundo apurou 247, ele obteve o apoio dos sete governadores da legenda. Reunidos na casa do senador mineiro, em Brasília, na semana passada, eles fizeram rápidos discursos de apoio à candidatura de Aécio à presidência da República, o que deixou claro que irão aceitar toda e qualquer estratégia que ele quiser adotar para atingir o objetivo.
Durante esta reunião, ocorrida na noite da quarta-feira 13, o governador Alckmin telefonou para Serra, que estava em São Paulo, e informou que as articulações em prol de Aécio estavam se intensificando. Acrescentou que ele próprio já não tinha mais condições de se manter neutro, como vinha fazendo, à espera de um movimento do próprio Serra. A ligação de Alckmin precipitou para dias depois uma conversa pessoal entre Serra e Aécio. Ambos falaram por cerca de três horas.
"Foi uma conversa de convergência. Não houve nenhum tipo de exigência, embora Serra tenha credenciais para ocupar qualquer espaço no partido", narrou o senador, na terça 19, a jornalistas que o procuraram em Brasília. Para ele, a chance de Serra deixar o partido "não existe". Nos planos tratados com Serra, está implicitamente sendo oferecido a ele a presidência do Instituto Teotônio Vilela, órgão do partido encarregado de promover seminários e estudos sobre diversos temas. Antes de falar com Aécio, Serra considerava essa oferta, que já existia, um prêmio de consolação que lhe soava como "uma ofensa".
Apoiado pelos governadores, e depois de tirar Alckmin do muro, Aécio anunciou que sua candidatura a presidente do PSDB ganhou "consistência". Antes, também ontem, ele esteve por 30 minutos com Alckmin, no Senado. "As coisas estão caminhando muito bem. São Paulo terá papel de destaque no projeto de tornar o PSDB competitivo, com propostas renovadoras para o Brasil", disse Aécio.
Alckmin, por seu lado, disse que Aécio é "um grande nome" para presidir o PSDB. Na segunda-feira 18, no entanto, o governador dissera a deputados federais que o senador mineiro não seria a melhor solução para a unidade do partido. Para provar que está mesmo com Aécio, a partir de agora, Alckmin convidou o senador para um seminário do PSDB a ser realizado em São Paulo na próxima segunda-feira. "O Alckmin pediu para eu ir direto ao Palácio dos Bandeirantes, onde vou encontrá-lo. De lá, vamos juntos para o seminário, para mostrar o quanto estamos unidos", contou. Alckmin emendou: "O café estará no bule, aguardando-o. Vamos saborear a sabedoria mineira do Aécio".
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