"Estava puxando um ferro para aliviar a tensão", brincou Gaúcho sobre os minutos que antecederam sua aguardada entrevista coletiva de terça-feira, em São Januário. Entre o treinamento do Vasco e o atendimento aos repórteres, ele se dirigiu à sala de musculação e fez alguns exercícios. Por mais que leve a situação com bom humor e tenha números bem razoáveis diante das dificuldades do clube, Gaúcho sabe que seu cargo está ameaçado. Mas não é o único...
Além do Vasco, que entra em campo fora de casa contra o Nova Iguaçu, às 22h, Palmeiras e São Paulo também atuam pelo Campeonato Paulista em situação de pressão. Gílson Kleina e Ney Franco não parecem prestes a cair imediatamente, mas resultados trágicos podem elevar a temperatura sobre ambos. Abaixo, entenda melhor a situação dos três treinadores mais ameaçados deste momento entre os 20 clubes da Série A:
Gaúcho: sob a sombra da volta de Cristóvão
Com Renê Simões na direção e Ricardo Gomes como espécie de supervisor, Gaúcho enfrenta a pressão por não ter o currículo pesado de seus superiores, que também foram treinadores. Embora tenha levado a equipe até a final da Taça Guanabara, adotou postura bastante defensiva para tentar defender o empate que garantiria o título. A repercussão de mais um vice-campeonato, no fim das contas, foi muito negativa. Na sequência, derrota em casa para o Volta Redonda.
"Desde os dez anos que vivo de futebol. O que tem é o seguinte: nesta quarta-feira é conquistar a vitória e na quinta vai estar todo mundo sorrindo", disse o treinador na terça. Sua atitude em meio à pressão foi descontrair e minimizar. "Encontrar culpados é simples. Não tenho medo disso. Mudei de endereço, trabalhei fora do país, é natural para mim. É ajudar o Vasco", resumiu.
Segundo o jornal Extra, porém, a direção já pensa em utilizar Gaúcho, ex-comandante dos juniores, como elo entre a base e o profissional. E aí buscar Cristóvão Borges, sem clube desde o pedido de demissão no ano passado, para reeditar a parceria de sucesso com Ricardo Gomes. Juntos, ambos conquistaram a Copa do Brasil em 2011.
Aproveitamento de Kleina em 2013: 51%
Kleina, que acaba de completar seis meses no cargo, recebe cobrança pelos resultados apenas medianos no Campeonato Paulista e na Copa Libertadores na sequência do rebaixamento. A direção já anunciou apoio público ao treinador, mas avalia seu desempenho após a reformulação do elenco. Além de uma série de dispensas e a venda de Barcos ao Grêmio, 10 jogadores foram contratados por José Carlos Brunoro, novo diretor. Ele defende Kleina.
" "Estou vendo clubes que têm trabalhos mais longos que o nosso, investimentos maiores, fazendo o mesmo. E só no Palmeiras vira essa loucura. A gente quer sim manter o Gilson, tem feito trabalho muito legal, tem que dar tranquilidade", disse Brunoro em entrevista exclusiva ao Terra.
Às 19h30 desta quarta e com expectativa de bom público no Pacaembu, o Palmeiras recebe o bom Botafogo-SP, quarto colocado do Campeonato Paulista com Marcelo Veiga. É jogo-chave para vencer e ultrapassar o rival na tabela, além de recuperar a confiança. Nas últimas cinco partidas, Kleina só conseguiu uma vitória.
Ney Franco: em xeque diante dos líderes
Aproveitamento de Ney Franco em 2013: 64%
O São Paulo manteve a média de aproveitamento em 2013. Campeão do returno do Brasileiro e da Copa Sul-Americana, é o líder do Paulista e, apesar de situação pouco confortável, é o segundo lugar de seu grupo na Copa Libertadores. Pouco, porém, para a situação de Ney Franco ser tranquila. O treinador enfrenta pressão no Morumbi para fazer a equipe render mais na frente e principalmente ser mais segura na defesa - sofreu 21 gols em 17 jogos no ano.
O que também redobra a pressão sobre o treinador é o controle do vestiário e a relação com a diretoria - na última sexta-feira, Juvenal Juvêncio fez elogios a Ney, mas deu poucas garantias. Recentemente, foi publicamente contestado por Lúcio, sacado da equipe, e também por PH Ganso, que será titular nesta quarta. Em 2012, trocou farpas com Rogério Ceni, de quem não recebeu apoio público no domingo.
A partida desta noite é fora de casa, às 22h contra o São Bernardo, e só uma vitória bastante convincente pode transformar o ambiente pesado no Morumbi. "Temos momentos desconfortáveis quando toda a imprensa que cobre o clube diz que está desconfortável. Em todo lugar que eu chego hoje, com amigos, o assunto é a situação do time a minha", afirmou Ney Franco na terça. Ele tem três desfalques: Cortez (lesionado), Wellington (suspenso) e Osvaldo (na Seleção).
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