sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Estudo revela impacto negativo nos recursos hídricos do estado

Um estudo minucioso iniciado há seis anos (as coletas são realizadas a cada três meses) em 140 rios e 374 outros corpos d’água traça um diagnóstico sombrio na rede hidrográfica que corta todas as regiões da Bahia. As ligações de esgoto clandestinas, a ocupação desordenada do solo, o desmatamento das bacias, a coleta irregular do lixo e a poluição estão provocando alterações no volume dos rios, lagos e reservatórios, contaminando os aquíferos, degradando os mananciais e causando impactos negativos na qualidade e quantidade dos recursos hídricos.



Os dois rios que têm a pior qualidade de água da Bahia estão localizados na Região Metropolitana de Salvador: Camarajipe (capital) e Camaçari, que atravessa a cidade mais industrial do estado. O rio Camarajipe impressiona pela poluição. Duas amostras coletadas em pontos diferentes apresentam o mesmo resultado: água de péssima qualidade. No outro extremo, Camaçari também possui o rio (Capivara) com a melhor qualidade de água da Bahia. Outros rios com qualidade excelente de água são Imbassaí (Mata de São João) e Gritador (Piatã).

“O grande problema é que a velocidade da ocupação territorial é muito maior do que a capacidade que os governos (federal, estadual e municipal) têm de investir em saneamento e em outras obras de infraestrutura”, disse o engenheiro Eduardo Topázio, coordenador do sistema de monitoramento do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema).

Apesar de todos os problemas, com exceção do semiárido, região que apresenta um  déficit permanente, a quantidade e a qualidade da água baianas são consideradas satisfatórias. O trabalhode monitoramento analisa os aspectos físicos, químicos e biológicos da água.

De acordo com Topázio, a Bahia deve chegar em 2015 monitorando 566 pontos, cumprindo a meta do governo federal, que definiu as bacias hidrográficas como unidades territoriais de estudos. “O projeto inicial prevê um ponto monitorado a cada mil quilômetro quadrado”, afirmou.

O monitoramento não inclui praias, lagoas e águas subterrâneas.
“O que temos de concreto é que precisamos entender que o uso econômico e racional da água é essencial para garantir o abastecimento às próximas gerações”, disse o secretário estadual do Meio Ambiente, Eugênio Spengler. O secretário cita dados da ONU para defender sua opinião. Segundo a Organização das Nações Unidas, a quantidade de água doce produzida por seu ciclo natural é praticamente a mesma de 1950, quando o consumo era bem menor. Mesmo com 75% da superfície da terra coberta por água, os especialistas têm razão quando dizem que as próximas gerações poderão enfrentar muitos problemas em relação ao abastecimento de água.

“A maior parte desse volume é de água salgada, imprópria para a produção de alimentos e consumo humano. É evidente que existem muitas técnicas para transformar a qualidade da água, mas os custos, por enquanto, são muito elevados”, disse Eduardo Topázio. Dados da ONU revelam que a quantidade de água doce disponível é muito pequena: menos de 3% do total existente no planeta.


Correio

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