quinta-feira, 15 de maio de 2014

OVINOCAPRINOCULTURA NO SERTÃO BAIANO GANHA REFORÇO DA CODEVASF

O desenvolvimento da ovinocaprinocultura no sertão baiano acaba de ganhar impulso novo. A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) concluiu a reforma do Centro de Capacitação em Bases Tecnológicas para o Semiárido (Cebatsa) - um investimento de mais de R$ 700 mil que promoveu a recuperação da estrutura física do centro, pronto agora para capacitar técnicos e produtores familiares, realizar pesquisas agropecuárias além da validação de tecnologias e atualização em manejos alimentar, sanitário e reprodutivo voltados para a melhoria dos índices zootécnicos da produção animal.

O Cebatsa fica em Itaguaçu da Bahia, na região de Irecê, a 530 km de Salvador. “A região apresenta longos períodos secos e chuvas ocasionais, concentradas em poucos meses do ano, com pluviosidade média de 400 mm ao ano e distribuída irregularmente ao longo da estação. Isso caracteriza a importância de adaptar e desenvolver tecnologias para esta região”, observa Rosângela Soares, gerente substituta de Desenvolvimento Territorial da Codevasf. “Nós fizemos toda a reforma do aprisco, da cerca, das áreas dos colaboradores, do centro de capacitação, do auditório, do refeitório, das instalações e dormitórios - tudo para receber bem o pessoal que passa, em média, uma semana no local”, informa Luiz Alberto Barbosa, chefe do escritório da Codevasf em Irecê, que é ligado à 2ª Superintendência Regional, baseada em Bom Jesus da Lapa. “Esse centro é muito visitado e é utilizado para realizar capacitações voltadas à cadeia produtiva da ovinocaprinocultura. Vêm pessoas de várias regiões para conhecer nosso trabalho e o desenvolvimento de ações de convivência com a Caatinga e o semiárido”, complementa Barbosa. O principal objetivo do Cebatsa é desenvolver tecnologias adaptadas à convivência com o semiárido e disseminar tais tecnologias para as pequenas propriedades familiares na região, priorizando aquelas que trabalham com a atividade da caprinovinocultura.

O centro ganha ainda mais importância por fazer parte também da Rota do Cordeiro – uma parceria da Secretaria de Desenvolvimento Regional do Ministério da Integração Nacional (SDR/MI) com a Codevasf, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e governos estaduais, com o objetivo de promover a inclusão produtiva e a integração econômica de regiões menos desenvolvidas do país aos mercados nacionais e internacionais de produção, consumo e investimento. Luiz Alberto Barbosa ressalta o trabalho realizado no local. “Quem vai ao Cebatsa fica realmente encantado com as práticas de convivência com o semiárido que nós adotamos. Vê o que tem na Caatinga e que serve de alimento para os caprinos. No local chove muito pouco, mas os animais estão em ótimas condições por causa das práticas adotadas – como por exemplo o armazenamento de alimento para ser ofertado aos animais no período da seca”, aponta. O Cebatsa tem condições de atender a cerca de 500 alunos por ano e já capacitou cerca de três mil jovens e produtores rurais de mais de 25 municípios da região em manejos alimentar, sanitário e reprodutivo de ovinos e caprinos. Além das instalações de alojamentos, refeitório, centro de convivência, salas de aula e auditório, possui também espaços destinados ao manejo e produção dos animais, distribuídos em uma área de 310 hectares.

Rebanho
O rebanho caprino é composto por animais SRD (sem raça definida), que são predominantes na região; raças produtoras de leite (Alpina, Saanen, Canindé, Toggemburg, Murciana); e raças produtoras de carne (Nambi, AngloNubiana, Bôer, Mambrina). Já o rebanho ovino é composto por animais das raças Santa Inês e Rabo Largo. Esses animais são criados em áreas de Caatinga e em pastagens cultivadas (leucena, capim buffel grass, maniçoba, palma forrageira). Também existem no Cebatsa algumas áreas que são explorados com culturas anuais, tais como: sorgo, milho, mamona, girassol, cunhã, guandu e plantas nativas. A manutenção da infraestrutura é importante para a qualidade das capacitações teóricas-práticas dos criadores que buscam o centro. Na capacitação para o manejo alimentar, os técnicos vão a campo com os alunos e ensinam técnicas de utilização adequada da Caatinga, pastagens, suplementação alimentar, conservação de alimentos e mineralização dos animais, ente outros. Na parte de manejo sanitário, os produtores familiares aprendem técnicas de monitoramento sanitário dos animais, cuidados pré e pós-parto, esquema de vermifugação adaptado à região, cuidados no uso de medicamentos, entre outras práticas, segundo explica José Santos Silva, funcionário do centro.

Rota do Cordeiro
A proposta do projeto Rota do Cordeiro é o melhoramento genético de animais por meio da inovação tecnológica, implantação de sistemas eficientes de alimentação de animais, com alta qualidade e mínimo custo; capacitação continuada e gestão do conhecimento adquirido pelos beneficiários. A ação, além de proporcionar às comunidades do semiárido um incremento na renda, permite a criação e manutenção de postos de trabalho, estimula o turismo e a gastronomia regionais e fortalece a cultura e a identidade do semiárido por meio do estímulo ao consumo da carne de cabrito e cordeiro.

Caatinga favorece atividade
“A principal característica da criação de caprinos e ovinos da região Nordeste é o seu sistema extensivo de criação, onde se consegue aliar as intempéries do clima com a rusticidade das espécies utilizadas”, explica Rosângela Soares, gerente substituta de Desenvolvimento Territorial da Codevasf. Aliado a isto, acrescenta ela, o pequeno porte destes animais e o baixo consumo alimentar, se comparado a outras espécies, possibilitam sua criação em pequenas propriedades, gerando renda e alimento. A Caatinga é uma excelente fonte alimentar para os rebanhos e, para aumentar seu potencial produtivo, podem ser utilizadas técnicas adequadas de manejos do bioma. A região Nordeste está em mais de 80% coberta pela vegetação nativa da Caatinga, segundo informa a Embrapa Caprinos e Ovinos. Este tipo de vegetação é utilizado como a principal fonte de alimentação para a maioria dos rebanhos.

Além disso, segundo a entidade, o mercado da carne ovina está em franca ascensão em todo o país. Os preços hoje praticados no âmbito da unidade produtiva representam bem mais do que o preço pago pela carne bovina nas mesmas condições. No momento cerca de 50% da carne ovina consumida no Nordeste e Centro-Oeste são provenientes do Uruguai, da Argentina e da Nova Zelândia. “Esta informação mostra uma possibilidade enorme de mercado a ser conquistado. O potencial produtivo da região Nordeste é evidente. O agronegócio da carne e do leite tem movimentado o mercado, apesar das dificuldades encontradas”, observa Rosângela Soares, da Codevasf.

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