O corpo do músico Dominguinhos está sendo velado desde as 6h desta quarta-feira (24) na Assembleia Legislativa de São Paulo, na região do Ibirapuera, na Zona Sul da capital. Segundo a ex-mulher de Dominguinhos, Guadalupe Mendonça, o velório em São Paulo ocorrerá até as 16h. Depois, o corpo seguirá para Recife, onde deverá ser enterrado na sexta-feira (26).
O artista morreu nesta terça-feira (23), aos 72 anos, no Hospital Sírio-Libanês. Ele lutava havia seis anos contra um câncer de pulmão. De acordo com o hospital, o músico morreu às 18h em decorrência de complicações infecciosas e cardíacas.
Ao longo do tratamento, ele desenvolveu insuficiência ventricular, arritmia cardíaca e diabetes. Dominguinhos foi transferido para a capital paulista em 13 de janeiro. Antes, esteve internado por um mês em um hospital no Recife.
Guadalupe diz ter acompanhado últimos momen-tos de Dominguinhos (Foto: Letícia Macedo/G1)
Guadalupe afirma ter acompanhado os últimos momentos de Dominguinhos no hospital. Ela conta ter agradecido a ele pela companhia. “Ele foi coberto de muito amor. Ele estava indo e eu dizendo: ‘A gente te ama muito. Eu, a Liv (filha), o Luca, que é o nosso neto, e o povo todo te ama muito. Então vai em paz’. Assim, sua obra, sua genialidade e sua generosidade vão ficar perpetuadas na sua música”, disse.
Ainda segundo ela, quando a doença foi diagnosticada, os médicos deram uma expectativa de vida de 6 a 8 meses. Dominguinhos resistiu por quase sete anos “muito felizes”, segundo Guadalupe.
Guadalupe diz ter acompanhado últimos momen-
tos de Dominguinhos (Foto: Letícia Macedo/G1)
“Fiz muitas loucuras dentro da UTI. Sempre tinha música dele lá dentro”, conta ela, que levava um aparelho de som para tocar músicas dele e de artistas que Dominguinhos gostava, como Frank Sinatra. “O gosto musicial dele era muito sofisticado”, disse a ex-esposa.
Biografia
Considerado o sanfoneiro mais importante do país e herdeiro artístico de Luiz Gonzaga (1912-1989), José Domingos de Morais nasceu em Garanhuns, no agreste de Pernambuco. Conheceu Luiz Gonzaga com 8 anos. Aos 13 anos, morando no Rio, ganhou a primeira sanfona do Rei do Baião, que três anos mais tarde o consagrou como herdeiro artístico.
Instrumentista, cantor e compositor, Dominguinhos ganhou em 2002 o Grammy Latino com o “CD Chegando de Mansinho”. Ao longo da carreira, fez parcerias de sucesso com músicos como Gilberto Gil, Chico Buarque, Anastácia e Djavan.
Ainda criança, Dominguinhos tocava triângulo com seus irmãos no trio “Os três pinguins”. Quando ele tinha 8 anos, foi “descoberto” por Gonzagão ao participar de um show em Garanhuns. A “benção” lhe foi dada pelo rei do baião quanto tinha 16 anos
Dominguinhos amigos e Gonzagão
“Gonzaga estava divulgando para a imprensa o disco ‘Forró no Escuro’ quando ele me apresentou como seu herdeiro artístico aos repórteres”, lembrou-se Dominguinhos em entrevista ao G1 no fim de 2012. “Foi uma surpresa muito grande, não esperava mesmo.”
De acordo com ele, o episódio aconteceu somente três anos depois de sua chegada ao Rio, acompanhado do pai, o também sanfoneiro Chicão. Mudaram-se para a cidade justamente para encontrar Luiz Gonzaga. “Em cinco minutos, ele me deu uma sanfona novinha, sem eu pedir nada”, prosseguiu. Naquele período, Dominguinhos saiu em turnê com o mestre para cumprir a função de segundo sanfoneiro e, eventualmente, de motorista.
Centenário de Gonzagão
No fim de 2012, Dominguinhos se dedicou ativamente às celebrações dos cem anos do nascimento de Luiz Gonzaga. Durante um show no dia centenário, 13 de dezembro, realizado na terra natal do músico, Exu (PE), Gilberto Gil comentou: “Dominguinhos teve a herança do Gonzaga, que ele incorporou, através das canções, dos estilos, o gosto pelo xote, xaxado”.
Para Gil, no entanto, Dominguinhos soube trilhar um caminho próprio. “Dominguinhos foi além, em uma direção que Gonzaga não pôde, não teve tempo. Ele foi na direção do início de Gonzaga, o instrumentista, da época das boates do Mangue, no Rio de Janeiro, quando ele tocava tango, choro, polca, foxtrot, tocava tudo, repertório internacional, tudo na sanfona. ”
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