segunda-feira, 1 de abril de 2013

ARTIGO - QUEM DEVE PRESIDIR A COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS DA CÂMARA?

Vejo muita gente dizendo isso ou aquilo a respeito da polêmica em volta da permanência ou não na Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal. Gostaria de contribuir com esse debate, fazendo a seguinte analogia:

EM TERMOS RELIGIOSOS, OS EVANGÉLICOS SÃO MINORIA NO BRASIL. ISSO É FATO. DIGAMOS ENTÃO QUE HOUVESSE NA CÂMARA, UMA COMISSÃO ENGARREGADA DE PROMOVER A PAZ E O RESPEITO ENTRE AS RELIGIÕES. DIGAMOS QUE O MESMO PSC - Partido Social Cristão INDICASSE PARA PRESIDÊNCIA DESSA COMISSÃO, UM FERVOROSO CATÓLICO, QUE TIVESSE EM SEU CURRICULUM UMA SÉRIE DE DECLARAÇÕES NAS QUAIS O MESMO MENOPREZARIA E OFENDERIA OS EVANGÉLICOS E SUAS IGREJAS. Diante desse fato, eu pergunto? Os evangélicos aceitariam que essa pessoa fosse indicada e assumisse o referido cargo?

Honestamente, eu acho que não. E digo mais: estariam corretos em fazer isso.

Na grande maioria dos casos em que se trata desse assunto, nota-se que, para os evangélicos, é questão de honra manter o Pastor Feliciano no cargo.

Ora minha gente, alguém que tem opiniões tão explícitas e desrespeitosas aos negros e homossexuais não tem isenção para presidir uma comissão tão importante como a de Direitos Humanos. Não porque seja evangélico, pois da mesma forma, muitos católicos também pensam da mesma forma. Mas sim porque a pessoa indicada para isso tem que ser alguém com histórico de vida e de trabalho ligado à mediação de conflitos ideológicos.

Não de um extremista religioso que a CDH precisa para lhe presidir. É de um pacificador, de posições comedidas e que possa promover o diálogo entre as ideias e, ao mesmo tempo, exigir providências diante da violação dos direitos humanos.

Eu sou cristão e reconheço que a palavra de Deus coloca o homossexualismo como pecado. E assim eu acredito. Mas precisamos entender algumas coisas:

1) SÓ DEUS PODE JULGAR UM PECADOR;

2) AQUELE QUE NÃO TEM NENHUM PECADO, ATIRE A PRIMEIRA PEDRA NOS HOMOSSEXUAIS. COMO EU SOU UM PECADOR, NÃO ME ATREVO A ISSO.

3) O BRASIL É UM PAÍS LAICO. E AINDA BEM QUE É ASSIM. SABEMOS O QUE O FUNDAMENTALISMO RELIGIOSO TEM CAUSADO AO REDOR DO MUNDO.

É claro que cada um de nós pode e deve agir de acordo com seus princípios, sim. Mas quando se trata de política, ele deve entender que cada cidadão é livre para pensar e agir como quiser e, desde que ele não transgrida as Leis (não as de Deus), ele não poder ser repreendido por isso.

Não se pode usar os instrumentos do Estado para punir seus cidadãos, apenas porque eles não agem como a maioria gostaria.

Dessa forma, mesmo não concordando com o homossexualismo como um fenômeno “normal”, defendo sim o direito de que os mesmos possam ter os mesmos direitos dos chamados heterossexuais.

Tenho amigos homossexuais e possivelmente, familiares. E assim como a palavra de Deus nos mostra que o homossexualismo é pecado, também nos mostra que julgar ou discriminar também é um pecado, e acredito que seja muito maior.

Se você tem um amigo ou parente homossexual e quer lhe dar um conselho, que ele esteja disposto a ouvir, faça-o, não com ar de autoridade, mas de uma pessoa que o ama. Mas se ele quer continuar sendo, entregue a Deus esse assunto e continue o amando, sem desprezá-lo ou discriminá-lo.

Se ele está cometendo algum mal, não é você que ele estará atingindo. É apenas ele mesmo. Ele merece ser amado como qualquer outra pessoa.

Para pregar contra o homossexualismo em sua igreja, não é necessário expor ninguém ao ridículo constrangimento, seja os próprios homossexuais ou seus defensores.

Dessa forma, eu defendo sim que o Pastor Marcos Feliciano não goza de isenção ideológica e de militância presidir a CDH.

Para o bem de todos, seria melhor que ele e seu partido concordassem com a substituição.

Para encerrar, gostaria de deixar uma reflexão. No passado e não muito distante, a infidelidade da mulher ao marido era punida com a morte em local público. Depois, isso não mais era permitido, mas continuou a se ver tal ato como um crime. Além do mais, até pouco tempo, um homem que matava uma mulher que o traía, era visto como alguém que agiu “em legítima defesa da honra”. Hoje, continuamos a ver vários atos de violência contra a mulher. Mas a sociedade não ver mais a infidelidade feminina como um crime ou como justificativa para um crime. Nem por isso, para quem segue a Palavra de Deus, a infidelidade deixou de ser pecado. E assim como a infidelidade, nós seres humanos cometemos diversos pecados a cada dia. Evangélicos ou católicos, por mais fervorosos que sejam, não vivem sem pecar. PORQUE ENTÃO QUERER JULGAR OU PUNIR UM HOMESSEXUAL POR ESTAR PECANDO?

O meu sonho é que possamos conviver em paz: héteros, gays, lésbicas e bi. Isso não vai significar que concordemos com o que o outro faz. Mas mostrará que o amor de Deus transborda em nossas vidas, o que nos permite amar a todos, indistintamente. Assim seremos merecedores de sermos chamados de SERES HUMANOS E FILHOS E FILHAS DE DEUS.


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