Parlamentares da CPI do Cachoeira entregarão na próxima quarta-feira, 14, ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, um parecer pedindo a quebra do sigilo bancário e fiscal de 12 empresas de fachada ligadas à Construtora Delta. Vão solicitar também o indiciamento do dono da empresa, Fernando Cavendish; do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB); e do prefeito de Palmas, Raul Filho, acusados de envolvimento com o contraventor Carlinhos Cachoeira. Alegam que já existem provas da ligação desses nomes com o esquema comandando por Cachoeira.
O parecer pede ainda ao Ministério Público Federal (MPF) que aprofunde as investigações contra os governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT); do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB) e de Tocantins, Siqueira Campos (PSDB). A conversa com Gurgel está marcada para as 9h30. Dois signatários da representação, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e deputado Rubens Bueno (PPS-PR), tratam o procedimento como sendo a contrapartida ao parecer que o relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG) deverá apresentar na próxima terça-feira.
Rodrigues e Bueno adiantam que o petista não deverá pedir a abertura das contas da Delta e nem citar Raul Filho, Agnelo Queiroz e Sérgio Cabral no parecer. "Estamos salvando a investigação", sintetiza Randolfe. O senador do PSOL lembra que permanece em sigilo o destino de milhões de reais repassados pelas 12 empresas, tidas como laranjas da Delta. "Nosso objetivo é o de impedir que a CPMI se transforme na maior vergonha do Congresso", acrescenta.
Rubens Bueno atribui sobretudo à situação da Delta o "breque" imposto por parlamentares governistas à investigação da comissão. "É evidente que as empresas laranjas ajudaram na campanha de 2010", afirma. A Delta é a maior beneficiada por recursos do PAC, tendo recebido da União mais de R$ 3 bilhões desde o início do programa. "Fizemos um trabalho, só que em vez de avançar, o relator pisou no freio", critica o deputado. Além de Randolfe Rodrigues e Rubens Bueno, assinam até agora a representação o senador Pedro Taques (PDT-MT) e o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS).
Estadão
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