sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Carros: concessionária cobra até quase 20% a mais que tabela

Valores indicados pelas fabricantes raramente são seguidos à risca . Foto: Getty Images
Valores indicados pelas fabricantes raramente são seguidos à risca

Os sites oficiais das montadoras do País colocam à disposição do consumidor os chamados configuradores de veículos, sistemas interativos que ajudam o cliente a escolher os modelos, versões e a consultar os preços sugeridos pela marca. Só que os valores indicados pelas fabricantes raramente são seguidos à risca por seus representantes concessionários. O pior: sofrem sobrepreço. De acordo com o Procon-SP a reclamação de consumidores contra lojas é crescente, sobretudo em relação a modelos recém-lançados. De modo geral, eles alegam que as lojas cobram muito acima do valor de tabela. "O problema é que os preços são livres, cada concessionária cobra o valor que achar que deve cobrar. Se o consumidor tiver dúvidas e se achar que realmente existe abuso, avaliamos a questão", explica Fátima Lemos, assessora técnica Procon-SP.
Por conta da disparidade de preços entre os mesmos veículos em concessionárias da mesma região, especialistas orientam que a única saída é a pesquisa de preço. Além de não pagar a mais, a pesquisa de mercado serve para que descontos sejam negociados. "O consumidor nunca deve comprar no primeiro lugar, mesmo que tenha a pressão de vendedores. Se quer economizar ou não comprar um modelo com sobrepreço, tem que pesquisar", explica Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste).
Terra pesquisou os preços de alguns modelos recém-lançados no mercado em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Belo Horizonte e descobriu diferenças de cerca de R$ 9 mil da tabela oficial para a concessionária. O Chevrolet Sonic hatch, por exemplo, é oferecido por R$ 48.700, na versão LTZ no site da marca. Em uma concessionária carioca, o vendedor pedia R$ 57.400 no mesmo carro (17% a mais que o preço de tabela). Em São Paulo, o valor mais caro achado foi de R$ 54.500. Através de sua assessoria de imprensa, a General Motors afirmou que o mercado é totalmente livre, que os preços públicos sugeridos pela marca são apenas de referência, e que o cobrado vai sempre depender da demanda.
Em declaração, a Associação Brasileira de Concessionárias Chevrolet (Abrac) diz que a órgão trabalha para melhorar as condições de compras e negociação de preços junto ao fabricante para os concessionários, e que "não existe um meio de punição para as lojas que cobram acima do mercado".
Outro modelo recém-lançado, o novo Citroën C3, é encontrado com ágio em concessionárias da marca. A versão intermediária Tendance, sugerida por R$ 43.990 no site da Citroën, é vendida por até R$ 47.990 em revendas consultadas em São Paulo. A versão topo de linha Exclusive manual, de R$ 49.990 no site, surge por até R$ 56.990. Em declaração oficial, a montadora francesa disse apenas que o preço do carro sugerido é bastante competitivo em seu segmento e que "acompanha atentamente às operações comerciais de rede de concessionárias".
Na Fiat, o sobrepreço encontrado foi de cerca de R$ 2 mil para o novo Punto. A versão Attractive 1.4 l parte de R$ 38.570 no site da marca, e é encontrada por até R$ 41.200 nas revendas paulistanas.
Na contramão dos preços acima da tabela, os consumidores conseguem encontrar modelos com valores mais em conta que a lista oficial. O Volkswagen Gol, por exemplo, é oferecido por R$ 32.500 - com ar-condicionado, direção hidráulica, vidros e travas - em uma revenda de Belo Horizonte, enquanto o preço de tabela é de R$ 33.007, com os mesmos equipamentos.
Em São Paulo, o Renault Duster pode ser comprado por R$ 47 mil, enquanto a versão básica do site é exibida por R$ 48.170. No Recife, uma loja vende a Livina pelos mesmos preços pedidos no site oficial da Nissan, a partir de R$ 42.590.

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