quarta-feira, 30 de maio de 2012

CPI aprova convocação de Perillo e Agnelo, e dispensa Cabral

Os parlamentares da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira aprovaram na tarde desta quarta-feira a convocação dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). Outro requerimento, que pedia o depoimento do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB) foi rejeitado por 17 votos a 11. Os três são suspeitos de ligações com o esquema comandado pelo contraventor Carlinhos Cachoeira.
Perillo e Queiroz são citados nas investigações das operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal, que servem de base para os trabalhos da CPI. Já Cabral não é citado, mas é amigo pessoal de Fernando Cavendish, ex-presidente da construtora Delta, suspeita de ter Cachoeira como sócio oculto e que teria sido usada por ele para lavar dinheiro obtido com jogos ilícitos.
Mais cedo, a comissão aprovou a quebra de sigilo bancário fiscal e telefônico do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO)e das empresas mencionadas nas investigações da Polícia Federal sobre o esquema de Cachoeira. Os sigilos da matriz da construtora Delta foram quebrados na terça-feira. Demóstenes responde a processo no Conselho de Ética do Senado por sua relação com o bicheiro.
A possibilidade de convocação dos governadores foi debatida na manhã de hoje. O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), indeferiu a questão de ordem apresentada pelo deputado Gladson Cameli (PP-AC), e reafirmou que a CPI tem poder para convocar governadores. "Tenho a convicção de que a convocação não fere nenhum princípio federativo", disse o senador.
Carlinhos Cachoeira 
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.
Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.
Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.
Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.
Com informações da Reuters.

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