domingo, 13 de maio de 2012

AS DORES DO MUNDO E A BOA VONTADE

É comum a aproximação de crianças-pedintes, que se humilham encostadas nos vidros laterais dos veículos a esboçar angustia nos seus rostos maltratados, sujos e sofridos nos desejos de coisas mínimas que não vem. Coisas estas que a grande maioria das pessoas tem e as desprezam por ignorância de que outras tantas pessoas tem como objeto do desejo da necessidade e não conseguem alcançar
Encostada ao vidro lateral do seu veículo uma criança de aproximadamente oito anos de idade estende a palma da mão e pede algo para alimentar-se e numa ação de rejeição espontânea lhe é dito que ‘não tem!’ Assim é mais fácil de esquivar-se do problema que você quer acreditar que não é seu.
Na fração de segundo que se segue o semáforo se abre e você engrena a marcha do seu veículo para sair, mas a criança chorosa, com expressão de dor e o maxilar ‘inchado’ continua ao lado. E aí, antes de partir, você resolve baixar o vidro e lhe perguntar- por que chora, está sentindo alguma coisa? O que prontamente ela responde é que estou com ‘dor-de-dente!’
Acelerar o veículo e sair dalí é fácil. Difícil é nos próximos segundos que se seguem você não se comover com aquela dor, que se sabe, insuportável, e que dirá numa criança que está suja, com fome e sem uma perspectiva de sanar aquela aflição miserável a lhe corroer.
Então, nos próximos minutos que vem, o desejo da caridade fará você pesar, pela dor que o outro sente, principalmente, por ser a dor numa criança.
Pode-se aí perguntar o que poderei fazer? E você retorna, chama a criança e lhe pergunta – quer um remédio para sanar a dor? É certo que ela dirá que quer e você atende. Em seguida você dirá, – agora vá para casa, pois não é hora de você estar na rua, e mais uma vez ela dirá de outra dor, dirá que está com o estômago vazio, que sente fome e sede e vai precisar ficar para arranjar uns trocados para se alimentar. Então, por mais uma caridade, você resolverá aquela situação, também, lhe oferecendo alimento e bebida. Resolvido o problema, graças a Deus, fiz a minha parte!
Mas, você é um ser pensante e essa história ainda não fecha na sua mente. Por que será?
As possíveis respostas estão todas ordenadas na sua mente e você sabe, e sabe também das possíveis soluções, ao menos os homens e mulheres de Boa Vontade sabem.
Para quem está na escuridão é mais fácil perceber o caminho da luz, mas não é mais fácil seguir para ela!”
Antonio Alves da cruz
Pedagogo e especialista em Educação Ambiental

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