Pastor Maldonado fez história neste domingo (13) na F1. O venezuelano, que faz sua segunda temporada na categoria, começou a brilhar ainda no sábado, quando teve desempenho excepcional na classificação e faturou o segundo lugar no grid, só atrás de Lewis Hamilton. Mas o britânico perdeu a pole por conta de uma punição, e o bolivariano, pupilo de Hugo Chávez, teve a chance de largar na frente. Depois de 66 voltas de uma corrida épica, Pastor conseguiu vencer o melhor piloto da F1 atual, Fernando Alonso, que o pressionou na parte final da corrida. De maneira inesperada, Maldonado conquistou sua primeira vitória na carreira e, de quebra, levou à Williams ao alto do pódio pela primeira vez desde Juan Pablo Montoya, que levou o GP do Brasil de 2004. Presente inesquecível para Frank Williams, uma das lendas do automobilismo, que celebra 70 anos neste fim de semana.
Por muito pouco Kimi Räikkönen não luta pela vitória com Maldonado e Alonso. O finlandês retardou ao máximo sua última parada, e, quando voltou à pista, diminuiu drasticamente a diferença para os ponteiros. O campeão mundial de 2007 cruzou a linha de chegada só 0s6 atrás de Alonso que, por sua vez, ficou 3s1 atrás do grande vencedor do dia.
Romain Grosjean foi o quarto colocado, mas nem de longe teve o mesmo ritmo do companheiro de equipe. O franco-suíço da Lotus foi seguido por um combativo Kamui Kobayashi, um dos grandes nomes da corrida e autor de belas manobras de ultrapassagem, como a que lhe garantiu o quinto lugar da corrida ao superar Nico Rosberg. O alemão da Mercedes, já com os pneus desgastados, não resistiu à pressão de um bom Sebastian Vettel, que fez boa prova mesmo depois de ter sido punido com drive-through por ignorar sinalização de bandeiras amarelas, terminando em sexto, seguido pelo próprio Rosberg. Lewis Hamilton, Jenson Button e Nico Hülkenberg completaram o rol dos dez primeiros.
Os brasileiros foram muito mal em Barcelona. Bruno Senna, que teve performance bem diferente de Maldonado em todo o fim de semana, se envolveu em um incidente com Schumacher, sendo acertado pelo veterano da Mercedes, que o chamou de "idiota" após ter acertado a traseira da Williams de número 19. Felipe Massa esteve, mais uma vez, muito abaixo do ritmo de Alonso. O número 2 da Ferrari chegou, inclusive, a levar uma volta do espanhol, quando este lutava pela vitória com Maldonado, já no fim da corrida. Massa terminou em um pífio 15º lugar e agora o 'placar' da tabela do Mundial de Pilotos aponta Fernando com 61 pontos — empatado com Vettel na liderança da temporada —, enquanto Felipe tem apenas dois.
Saiba como foi o GP da Espanha de F1
Assim que as luzes vermelhas foram apagadas, Alonso tracionou melhor que Maldonado e lutou para assumir a ponta. O piloto da Williams emparelhou com o espanhol, quase tocou roda, mas não evitou a ultrapassagem de Fernando, que virou líder na primeira curva do circuito catalão. Räikkönen fez largada melhor que Grosjean e ganhou a terceira colocação do companheiro de equipe da Lotus. Romain tocou no pneu traseiro esquerdo de Pérez, que tentava ultrapassá-lo. O mexicano caiu para último na corrida e teve de voltar aos boxes para trocar pneus.
Massa largou bem e subiu para 11º. Senna, por sua vez, não foi tão bem assim e só manteve sua colocação original na largada, 17º. Hamilton, logo na primeira volta, passou todos os carros das equipes nanicas e pulou de 24º para 18º, ameaçando a posição de Bruno, que fora superado um giro depois pelo piloto mais rápido do sábado em Barcelona.
Grosjean não teve um ritmo de corrida tão bom quanto o de Räikkönen nas primeiras voltas, tanto que perdeu também o quarto lugar para Rosberg e era ameaçado por Schumacher, o sexto. Button, Kobayashi, Vettel e um surpreendente Vergne completavam o top-10 após sete voltas.
A Red Bull antecipou a abertura da primeira janela de pit-stops em Barcelona. Webber foi chamado aos boxes na sexta volta. O australiano voltou em 23º, imediatamente atrás de Karthikeyan. O número 2 da Red Bull enfrentou muitas dificuldades para passar o indiano, o que foi feito um giro depois. Vettel, pouco depois do seu colega, fez sua parada e passou a usar pneus duros, assim como Webber.
Hamilton seguia escalando o pelotão na Catalunha. Depois de nove voltas, o britânico já era o décimo, muito por conta também das paradas dos outros pilotos, mas denotava um ritmo de corrida muito forte da McLaren. Quem não estava bem era Senna. O brasileiro, bem diferente de Maldonado, não conseguia tirar o melhor rendimento do FW34 e estava atrás até mesmo de Kovalainen, da Caterham.
Na décima volta, vários pilotos executaram seus pit-stops: Alonso, Grosjean, Schumacher, Vergne, Massa, Hülkenberg e Petrov. Dessa forma, Maldonado passou em primeiro e teve a chance de completar um giro na liderança antes de efetuar sua parada, assim como Räikkönen.
Com tática de três paradas, Kovalainen era o quinto colocado e Senna subiu para sétimo. Mas claramente o brasileiro tinha ritmo de corrida mais lento que os adversários. Depois de tentar segurar Grosjean, com quem chegou a tocar, Bruno antecipou sua frenagem e foi acertado por trás por Schumacher, que não conseguiu frear no fim da reta dos boxes. O piloto da Mercedes não escondeu sua irritação com a batida e chamou o adversário da Williams de “idiota”. Schumacher e Senna abandonaram a prova. O acidente será investigado após a corrida.
Após a agitada primeira janela de pit-stops, Alonso era o líder, com Maldonado, Räikkönen, Grosjean e Rosberg. Vettel vinha discreto e estava em sexto, com 23s2 atrás do líder da corrida. Em 11º, Massa recebia intensa pressão de Hamilton, que nitidamente vinha em ritmo bem mais rápido que o brasileiro. Webber, com problemas na asa dianteira, teve de fazer uma parada para trocar a peça, comprometendo assim sua corrida.
Maldonado, aliás, era o único que conseguia andar no mesmo ritmo de Alonso em Barcelona. Menos de 2s separavam os protagonistas do GP da Espanha na 20ª volta. Nem mesmo a Lotus, apontada como a grande favorita, não conseguia se aproximar do topo, apesar de Räikkönen e Grosjean figurarem em terceiro e quarto, respectivamente.
Vergne inaugurou a segunda janela de pit-stops e logo foi seguido por pilotos como Di Resta e Maldonado, que foi o primeiro dos ponteiros a fazer sua parada. Nesse momento, Kimi subiu para segundo. Foi graças ao pit-stop de Vergne que Massa finalmente conseguiu ter pista livre, já que o piloto da Ferrari não conseguia superar o adversário da Toro Rosso. Felipe, no entanto, era muito pressionado por Hamilton.
Alonso fez sua parada na volta 26, duas depois de Maldonado. O venezuelano aproveitou o melhor rendimento dos pneus macios novos e cravou a melhor volta da prova: 1min27s906. O bom desempenho de Pastor, combinado com o fato de Fernando ter sido atrapalhado por Charles Pic, ajudou o piloto da Williams a assumir a liderança, que foi consolidada depois que Räikkönen foi aos boxes uma volta depois.
Alonso era um dos destaques da corrida, bem diferente de Massa. O número 2 da Ferrari, assim como Vettel, ignorou sinalização de bandeira amarela [para indicar detritos na pista decorrentes da batida entre Senna e Schumacher] e acelerou demais no fim da reta dos boxes. Ambos foram punidos com drive-through. Vettel caiu para nono, enquanto Massa voltou em 16º.
Maldonado seguia abrindo caminho para conquistar sua primeira vitória na F1, que parecia mais próxima após 30 voltas completadas. A diferença que o separava de Alonso era de incríveis 7s2. O venezuelano era o mais rápido da pista e seu ritmo era muito superior ao da Ferrari, Lotus, McLaren e Red Bull. Dentre os primeiros, Hamilton era o que tinha rendimento mais baixo, já que seus pneus estavam muito mais desgastados, fruto de uma tática diferente dos demais, com uma parada a menos.
Via rádio, a Williams pediu que Maldonado poupasse pneus. Não à toa, já que Alonso, volta após volta, se aproximava do venezuelano e tirou nada menos que 2s na 38ª volta. Também enfrentando problemas com os pneus desgastados, Button não conseguia oferecer resistência aos adversários. O britânico foi superado por Kobayashi, e depois, por Vettel, que fez uma arrojada ultrapassagem por fora na curva 1.
Bem mais lento que Alonso, Pastor não teve outra alternativa que não fosse trocar seus pneus. O venezuelano foi chamado aos boxes na 41ª e a Williams optou por equipar seu carro com pneus duros. O grande problema é que a equipe de Woking não fez bom trabalho nos boxes, e o latino-americano perdeu tempo em seu pit-stop. Com pista livre, Alonso tratou de apertar o ritmo para tentar voltar à frente de Maldonado após a parada.
Alonso finalmente fez seu pit-stop na volta 44. O trabalho da Ferrari foi bem melhor que o da Williams, mas Maldonado conseguiu recuperar o tempo perdido na pista e conseguiu voltar à pista à frente do espanhol. Räikkönen ainda seguia na pista e era momentaneamente o líder, mas com uma parada a menos que Pastor e Alonso, mas com os pneus bem mais desgastados.
Na tentativa de se aproximar de Maldonado, Alonso cravou a melhor volta da prova — 1min27s390. Depois que o venezuelano passou Räikkönen e assumiu a liderança na pista, o piloto da Ferrari ficou quase duas voltas atrás de Kimi antes de passar o finlandês, que estava com o carro bem mais lento, fruto dos pneus desgastados. A Lotus chamou o terceiro colocado da prova na volta 48º, deixando a disputa livre para Alonso e Maldonado.
Nas voltas seguintes, Alonso lutou para passar o venezuelano. Pastor era orientado pela Williams para poupar pneus e chegar até o fim da corrida sem fazer mais uma parada, por isso segurou o ritmo o quanto pôde. Durante essas voltas, ambos deram uma volta em Massa, que era um mero retardatário, em 15º. O público nas arquibancadas de Montmeló estava em pé com a aproximação de Alonso, que tinha ritmo muito melhor que o de Maldonado.
Assim como os protagonistas Alonso e Maldonado, Kobayashi era um dos grandes nomes da corrida. Evidenciando que é um dos pilotos mais arrojados da F1 atual, o nipônico da Sauber não tomou conhecimento de Rosberg e fez a ultrapassagem, assumindo a quinta colocação. Lá na frente, Pastor conseguiu uma vantagem fundamental em suas pretensões de vitória e abriu 2s3 para o piloto da Ferrari quando faltavam quatro voltas para o fim da corrida. Ambos estavam com os pneus muito desgastados, mas o venezuelano estava nitidamente mais rápido que Fernando.
Mesmo mais à frente de Alonso, Maldonado ainda não tinha toda a tranquilidade nos últimos metros da corrida. O venezuelano tinha retardatários como Webber e Hülkenberg. Com muita cautela, Pastor ultrapassou um a um para fazer história em Barcelona. Primeira vitória de um venezuelano na F1, primeira vitória da Williams desde Juan Pablo Montoya no GP do Brasil de 2004. Presente ideal para Frank Williams, lenda da F1, que celebra 70 anos neste fim de semana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário