domingo, 2 de março de 2014

TEM GENTE QUE LARGA EMPREGO E ATÉ NAMORADA PARA CURTIR CARNAVAL

Lucas e Cassandra não querem nem saber: o Carnaval vem em primeiro lugar

O que você estaria disposto a perder para curtir o Carnaval? Tem gente por aí que larga tudo pela folia e até paga um preço por isso.

No caso do garçom Cássio Cerqueira, 22 anos, ele foi alto. “Perdi trabalho, celular e namorada”, conta, ao lembrar da festa do ano passado. Ele trabalhava como sushiman de uma creperia na Barra e estava escalado para trabalhar todos os dias. Porém, no sábado, quando a cliente carioca apareceu no balcão, não teve mais trabalho certo. A moça tinha se perdido das amigas e o celular estava sem bateria.

“Ela devia se encontrar com as amigas no Camarote Harém. Como estava perto do meu intervalo, me ofereci para levá-la. Quando chegamos lá, ela me convidou para subir”. Cássio sumiu no mundo e na vida.

“Não voltei mais para trabalhar no sábado, nem no domingo, segunda, terça...”. Depois do Harém, ele não parou mais. No dia seguinte, camarote da Skol. Na segunda-feira, Camarote Salvador. Tudo isso sem voltar para casa, nem dar notícias. Durante os quatro dias, ficou com as moças no apartamento que elas haviam alugado, no Jardim Apipema.

“Só ligava para minha mãe para dizer: ‘Estou vivo, estou bem’”, brinca. No fundo, ele nem teve tanta culpa. Perdeu o celular no primeiro dia de farra. Mas estava tão entretido que admite que não fazia muito esforço para entrar em contato com ninguém... Incluindo uma namorada de três anos.

Até que, na Quarta-feira de Cinzas, ele resolveu dar o ar da graça na creperia. O dono do restaurante o esperava com uma carta de demissão. E quando Cássio estava prestes a ir embora, o chefe quis entender o que o tinha levado a esquecer totalmente as obrigações. “Ele me disse: ‘o Carnaval passou e vai ter todos os anos. Você acha que valeu a pena ter feito isso?’”.

A resposta veio com citação a Roberto Carlos. “Eu disse: ‘se chorei ou se sorri, o importante é que emoções que eu vivi’. E valeu muito a pena”, diz, com ar sonhador. E a namorada? Bom, como era de se esperar, esse contrato também estava acabado. “Acho que ela deve estar traumatizada com o Carnaval até hoje”, brinca.

Este ano, ele não tem planos de uma aventura. E pede para tranquilizar os patrões, doOutback do Shopping Barra, onde trabalha desde novembro. O recado está dado. Agora resta a você, Cássio, cumprir...

Compromisso
“Não tenho compromisso com mais nada, só com Carnaval. É o meu momento”. A declaração é do escritor Lucas Portela, 22 anos. Enquanto Cássio garante que a loucura ele só fez em 2013, Lucas diz que todo ano gosta de esquecer do mundo. “É quando a gente se afasta e fica no meio da rua, longe de todos os amigos. Só para sentir a festa”, diz, referindo-se também à amiga Cassandra Carvalho, 27 anos.

“Eu e Kaká (Cassandra) dizemos que somos os produtores do Carnaval. A gente tem que se reunir para a festa ficar perfeita”, brinca. “Minha mãe fica louca, porque eu fico incomunicável todos esses dias”, diz Cassandra. Desta vez, ela está aproveitando as férias do curso de Letras da Ufba – e comemorando que não tem que trabalhar. “Deixei de trabalhar no shopping porque acabava indo de virote. Ou acabava não indo”, admite.

A família do radialista Leonardo Bião, 26, sempre aluga um apartamento em Ondina para ficar mais perto do circuito. Não deu outra: o sujeito viciou. E, como todo viciado, até o namoro tem que ser com alguém dependente. Por sorte, a atual namorada é bem assim.

“Faz parte da minha essência. Tem gente que usa esses dias para descansar. Eu, não. Eu recarrego minhas energias no Carnaval”, explica. Ou seja: não adianta oferecer nada para ele, nesse período – nem uma estadia em um hotel 5 estrelas, nem o trabalho mais bem remunerado do mundo. “Já abri mão de muitas oportunidades por causa do Carnaval. Ele vem em primeiro lugar”, afirmou o radialista, que, definitivamente, não está sozinho.

Correio24horas

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