Com o apoio do Ministério Público Estadual, três delegados e 100 agentes cumpriram nos três estados 45 mandados de prisão, busca e apreensão. Foram apreendidos 45 veículos, entre carros de passeio e máquinas pesadas, e 60 imóveis estão bloqueados. A Polícia encontrou também R$ 600 mil em cheques, R$ 60 mil em dinheiro e notas fiscais de origem duvidosa (frias).
Entre os acusados estão empresários, agentes públicos e ex-servidores públicos municipais. Há em aberto um mandado de prisão contra um ex-prefeito do Norte de Minas. Marcos Vinícius Crispim, conhecido como Corbi, empresário em Januária (MG) é apontado nas investigações como o “mentor” do esquema. Seu advogado, Cristiano Jackson Pereira Otoni, adiantou que não tem conhecimento de quais são as acusações contra ele e, por isso, seu cliente fará uso do direito ao silêncio no depoimento.
“Ainda não tivemos acesso aos autos, mas pediremos a revogação da prisão temporária”, disse Otoni, que representa outros dois acusados. No período entre 2011 e dezembro de 2012, segundo o delegado-chefe da Polícia Federal em Montes Claros, Marcelo Eduardo Freitas, “a investigação aponta para uma sangria nos cofres públicos próxima a R$ 5 milhões”. Neste primeiro momento, a incidência maior das apurações concentra-se na gestão anterior dos municípios mineiros de Itacarambi (MG) e de Januária. “As provas são robustas”, informou. No entanto, o rombo seria bem maior. “Se somados, os patrimônios dos acusados chegariam, no mínimo, aos R$ 50 milhões”, completou o também delegado Thiago Amorim, ao afirmar que o esquema seria uma forma de reaver o dinheiro aplicado por terceiros em campanhas eleitorais.
Conforme a PF, no esquema, os mandatários da comissão de licitação permitiam que só uma empresa ligada ao grupo participasse do processo de contratação de serviços de limpeza pública e de mão de obra, pavimentação, construção e locação de máquinas e de veículos pesados. Não havia fiscalização alguma. “Após as mediações, a licitação era direcionada. O pagamento era feito de forma integral e o serviço era feito pela metade ou, em vários casos, nem mesmo acontecia obra alguma”, pontuou o delegado Marcelo Freitas.
O Ministério Público de Minas Gerais apurou, ainda, que parte do dinheiro desviado era usada para comprar casas, apartamentos e sítios. Um das propriedades rurais adquiridas recentemente pela esposa de um dos acusados custou R$ 300 mil e foi paga à vista. Mas para não chamar a atenção, o imóvel adquirido ficava em nome de filhos menores dos envolvidos ou de terceiros, mas sempre com procuração de um integrante do grupo investigado para o controle e possível negociação.
O delegado federal Eduardo Maurício de Araújo adiantou que os envolvidos são denunciados pelos crimes de formação de quadrilha, falsidade ideológica, ausência de licitação, mau uso, desvio e apropriação de recursos públicos. A Operação recebeu o nome “Sertão Veredas” em alusão à obra homônima de Guimarães Rosa, já que grande parte da narrativa tem a região norte-mineira como cenário. As prisões ocorreram em Montes Claros, Januária, São Francisco e Itacarambi, no Norte de Minas.
Esta foi a 11ª operação de combate à corrupção que a delegacia regional da Polícia Federal realiza em cidades do Norte de Minas. Ainda de acordo com o delegado Marcelo Freitas, apesar do “modus operandi” idêntico, nesse trabalho específico não há vínculos com as outras investigações. Nem todos os nomes foram revelados, segundo a assessoria de comunicação da PF, sendo respeitado o direito constitucional da não exposição.
Correio 24horas
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