Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Agricultores de Taperoá, Antônio Oliveira Santana, a entidade conta com 3.500 sócios. Ele afirma que o guaraná representa 40% da renda de cada família. O resto da renda vem de outras culturas, como cravo, dendê, piaçava, mandioca e outras culturas.
O agricultor Norival Vieira, 71 anos, explica que há 40 se dedica ao plantio do guaraná. “Era bastante difícil. A gente fazia na aventura, de qualquer forma. Depois começamos a ter dificuldades. Muita gente abandonou a lavoura. Com a chegada da EBDA, podemos dizer que temos uma roça de guaraná satisfatória”.
Planejamento estratégico
Entre as medidas para que as metas de produtividade sejam alcançadas, de acordo com o técnico da EBDA e presidente da Câmara Setorial do Guaraná da Bahia, Gerval Teófilo, em 2010 foi estabelecido um planejamento estratégico que prevê assistência técnica, pesquisa para desenvolvimento e inovação e a elaboração do Plano Estadual de Desenvolvimento do Guaraná da Bahia.
Ele informa que já fez a capacitação de 100 técnicos extensionistas, que atendem os produtores. “Este ano, os agricultores também já receberam treinamento técnico em colheita e beneficiamento, para garantir o padrão de qualidade do produto”.
Conforme o técnico, o papel da empresa é levar novas tecnologias ao produtor. “Com isso, ele pode ter melhor qualidade de vida e renda para a família. Temos a meta de fazer o replantio de um hectare por cada agricultor, num total de 500 hectares. A lavoura tem um prazo médio de 25 anos de produção, depois dos quais começa a perder a capacidade”.
Organização
Gerval ressalta que a organização dos agricultores é importante para o desenvolvimento da cadeia produtiva. “Sem organização, os atravessadores compram a produção por um preço muito baixo, cerca de R$ 7 o quilo. Com as associações, eles conseguem melhorar o preço”.
Para aumentar a área de plantio, os produtores contam ainda com o Crédito Amigo, um convênio celebrado entre a Seagri, o Banco do Nordeste, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Por meio da iniciativa, os agricultores conseguem financiamentos com condições especiais para pagamento.
Estado é o maior produtor nacional
Natural da região amazônica, o guaraná foi introduzido em Taperoá na década de 70. Perfeitamente adaptada à Mata Atlântica, hoje, a Bahia é o maior estado produtor nacional. A cultura se expandiu para dez municípios do Baixo Sul, onde os agricultores têm no cultivo a principal fonte de renda. A diferença de produtividade se explica pela utilização, pelos produtores baianos, de técnicas básicas de cultivo ainda pouco utilizadas pelos seus pares no Amazonas.
O fruto possui propriedades medicinais e é muito usado como energético e na indústria farmacêutica. Pode ser consumido in natura, em pó, na forma de suco ou em extratos concentrados. A padronização da qualidade do guaraná é um dos passos para que a produção baiana alcance a escala internacional.
O presidente da Associação de Produtores do Projeto Onça, Carlos Cosme, afirma que a entidade foi formada para que o pequeno agricultor tenha mais oportunidades. “O preço do produto está defasado, mas com a associação conseguimos levantá-lo, exportando para a Europa o guaraná que sai daqui do projeto”.
A associação destaca-se na produção de guaraná orgânico, que nesta safra é vendido por R$ 25/kg e US$ 18/kg. Agricultores familiares que produzem o guaraná comum vendem a R$ 14/kg. Natura (cosméticos), Ambev (refrigerantes) e Frutyba são algumas empresas que compram o guaraná para a fabricação de seus produtos.
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