sexta-feira, 26 de abril de 2013

BAHIA QUER DOBRAR PRODUÇÃO DE GUARANÁ COM AJUDA DA ASSISTÊNCIA TÉCNICA

Passar de uma produtividade anual de 400 para 800 quilos de guaraná por hectare em pouco tempo e ampliar a capacidade para 1.500 quilos em médio e longo prazo. Estas são as metas dos agricultores familiares do Território de Identidade Baixo Sul da Bahia, região com 7.600 hectares ocupados pela cultura. Para alcançar esses objetivos, os pequenos produtores estão recebendo assistência técnica da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), órgão da Secretaria Estadual da Agricultura (Seagri).

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Agricultores de Taperoá, Antônio Oliveira Santana, a entidade conta com 3.500 sócios. Ele afirma que o guaraná representa 40% da renda de cada família. O resto da renda vem de outras culturas, como cravo, dendê, piaçava, mandioca e outras culturas.

O agricultor Norival Vieira, 71 anos, explica que há 40 se dedica ao plantio do guaraná. “Era bastante difícil. A gente fazia na aventura, de qualquer forma. Depois começamos a ter dificuldades. Muita gente abandonou a lavoura. Com a chegada da EBDA, podemos dizer que temos uma roça de guaraná satisfatória”.

Planejamento estratégico
Entre as medidas para que as metas de produtividade sejam alcançadas, de acordo com o técnico da EBDA e presidente da Câmara Setorial do Guaraná da Bahia, Gerval Teófilo, em 2010 foi estabelecido um planejamento estratégico que prevê assistência técnica, pesquisa para desenvolvimento e inovação e a elaboração do Plano Estadual de Desenvolvimento do Guaraná da Bahia.

Ele informa que já fez a capacitação de 100 técnicos extensionistas, que atendem os produtores. “Este ano, os agricultores também já receberam treinamento técnico em colheita e beneficiamento, para garantir o padrão de qualidade do produto”.

Conforme o técnico, o papel da empresa é levar novas tecnologias ao produtor. “Com isso, ele pode ter melhor qualidade de vida e renda para a família. Temos a meta de fazer o replantio de um hectare por cada agricultor, num total de 500 hectares. A lavoura tem um prazo médio de 25 anos de produção, depois dos quais começa a perder a capacidade”.

Organização
Gerval ressalta que a organização dos agricultores é importante para o desenvolvimento da cadeia produtiva. “Sem organização, os atravessadores compram a produção por um preço muito baixo, cerca de R$ 7 o quilo. Com as associações, eles conseguem melhorar o preço”.

Para aumentar a área de plantio, os produtores contam ainda com o Crédito Amigo, um convênio celebrado entre a Seagri, o Banco do Nordeste, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Por meio da iniciativa, os agricultores conseguem financiamentos com condições especiais para pagamento.

Estado é o maior produtor nacional
Natural da região amazônica, o guaraná foi introduzido em Taperoá na década de 70. Perfeitamente adaptada à Mata Atlântica, hoje, a Bahia é o maior estado produtor nacional. A cultura se expandiu para dez municípios do Baixo Sul, onde os agricultores têm no cultivo a principal fonte de renda. A diferença de produtividade se explica pela utilização, pelos produtores baianos, de técnicas básicas de cultivo ainda pouco utilizadas pelos seus pares no Amazonas.

O fruto possui propriedades medicinais e é muito usado como energético e na indústria farmacêutica. Pode ser consumido in natura, em pó, na forma de suco ou em extratos concentrados. A padronização da qualidade do guaraná é um dos passos para que a produção baiana alcance a escala internacional.

O presidente da Associação de Produtores do Projeto Onça, Carlos Cosme, afirma que a entidade foi formada para que o pequeno agricultor tenha mais oportunidades. “O preço do produto está defasado, mas com a associação conseguimos levantá-lo, exportando para a Europa o guaraná que sai daqui do projeto”.

A associação destaca-se na produção de guaraná orgânico, que nesta safra é vendido por R$ 25/kg e US$ 18/kg. Agricultores familiares que produzem o guaraná comum vendem a R$ 14/kg. Natura (cosméticos), Ambev (refrigerantes) e Frutyba são algumas empresas que compram o guaraná para a fabricação de seus produtos.


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