A petição é uma iniciativa de Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, assassinado em 1975, quando se encontrava detido nas dependências do Departamento de Operações e Informações (DOI), controlado pelo Exército, em São Paulo. No texto em que justifica a petição, ele afirma que Marin ajudou a dar sustentação política à ditadura e a seus atos de violência.
Por causa dessa ligação com o autoritarismo, diz Ivo, o presidente da CBF não tem condições de permanecer no cargo. O problema seria agravado pelo fato de o Brasil estar às vésperas da Copa do Mundo, o maior evento esportivo da história nacional. “Ter Marin à frente da CBF agora é como se a Alemanha tivesse permitido um membro do antigo partido nazista ter organizando a Copa de 2006”, compara.
Em 1975, Marin era deputado estadual, filiado à antiga Arena – o partido consentido que dava fachada legal e sustentação política à ditadura. No dia 7 de outubro daquele ano, ocupou a tribuna para pedir providências das autoridades em relação à atuação de supostos militantes de esquerda na TV Cultura, canal 2. Passados quinze dias, Herzog, que era funcionário da emissora, foi preso e assassinado no DOI.
No ano seguinte, Marin foi à tribuna para elogiar e qualificar como heroica a atuação de Sérgio Paranhos Fleury, delegado do antigo Dops e notório torturador, segundo ex-presos políticos.
Não é a primeira vez que Ivo critica a presença de Marin na presidência da CBF. Para ele, não se pode estabelecer uma ligação direta de responsabilidade entre os discursos de Marin – e de outros parlamentares da Arena – e a morte de seu pai. Mas também não se pode esquecer que defendeu a ditadura: “A vida política dele está ligada à ditadura. Ele elogiou publicamente um assassino, sequestrador e torturador notório, que era o delegado Fleury.”
Ivo é diretor do Instituto Vladimir Herzog, dedicado à defesa dos direitos humanos. Ele conta que a iniciativa da petição, que será encaminhada à CBF, surgiu após a publicação, dias atrás, de uma reportagem do jornalista britânico Andrew Jennings, na qual ele relembra o passado de Marin. Também influenciou sua decisão o debate sobre o caso registrado no blog do jornalista Juca Kfoury.
A petição está no site Avaaz, que se apresenta como “uma plataforma online nova que dá às pessoas ao redor do mundo o poder de iniciar e ganhar campanhas a nível local, nacional e internacional”.
Quem quiser conhecer a petição e os seus argumentos e assinar, pode acessar o site da organização.
Estadão
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