quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Veja quais são os riscos de misturar energéticos com bebidas alcoolicas

Chegou o verão e com ele as festas populares, os grandes shows e a maior festa esperada... o carnaval! Nesta época de efervescência, o consumo de bebidas alcoolicas aumenta em muito e é preciso cuidado para evitar as ressacas ou outros problemas mais graves, alertam os especialistas.

Segundo o cardiologista Fernando Monteiro, bebidas energéticas possuem vitaminas e estimulantes, como cafeína, e o consumo moderado não faz mal à saúde. No entanto, muitos consumidores se arriscam a misturar os energéticos com álcool. Para algumas pessoas, a mistura deixa mais alegre, mas as consequências aparecem em seguida: “perda de memória, sensação de afobação, e, no dia seguinte, indisposição”, afirma o cardiologista.

Nos bares e nas baladas, o energético geralmente é consumido junto com destilados, como uísque, vodca e rum. Os apreciadores da mistura muitas vezes querem mascarar os efeitos da bebida alcoolica, mas segundo o cardiologista “esta é uma falsa sensação. Mesmo misturado ao estimulante, o álcool provoca consequências, como a perda dos reflexos”.

Monteiro faz o alerta, mas diz que o consumo moderado do energético não faz mal à saúde e aconselha a beber no máximo uma lata por dia e jamais misturar com bebida alcoolica. “O perigo está na mistura, porque potencializa o risco de arritmias. O álcool e o energético são duas substâncias que “irritam” o músculo do coração (o miocárdio) o que pode provocar taquicardias que precisam ser revertidas nos hospitais”, alerta


O pior, diz o médico, é que este hábito está virando uma epidemia mundial. “E quanto mais jovem é a pessoa, menos controle ela tem sobre as bebidas alcoolicas. É necessário controle por parte das autoridades com o crescente abuso dessa associação”, opina.

Os jovens apontam vários motivos para misturarem as bebidas. Entre eles, disfarçar o gosto do álcool (principalmente no caso de destilados). Como se sentem bem dizem que a mistura estica a balada. Por ser estimulante, o energético carrega o mito de anular os efeitos depressivos do álcool, o que é verdade em parte, porque a bebida reduz a sensação de sonolência, mas os reflexos continuam mais lentos sob o efeito do álcool.

Percepção alterada
Pesquisas vêm comprovando que o consumo de álcool com energéticos pode estimular o alcoolismo, por dar mais disposição para beber (a pessoa fica mais tempo em uma balada ou bar, bebendo), pode tornar o indivíduo mais suscetível aos problemas relativos ao consumo de álcool (machucam-se mais, sofrem mais acidentes, ou enfrentam problemas sexuais).

O engenheiro Alexandre Clemente, 36, disse que percebeu alguns desses sintomas após abusar na dose de energéticos em uma casa noturna.

“Não costumo beber destilado, mas como meus amigos tinham comprado uma garrafa, resolvi tomar a bebida com energético para acompanhar. Percebi principalmente que fiquei até mais tarde na balada, costumo ir embora mais cedo, e acabei esticando até umas cinco da manhã. Daí bebi bem mais que de costume. No dia seguinte, a ressaca foi pior. Na hora até pensei: esse negócio ajuda a não bater o carro na volta porque eu parecia estar mais desperto, mas depois percebi que poderia ter sido até pior, pois eu achava que estava normal para dirigir”, relatou.

O cardiologista Fernando Monteiro diz que aí está o perigo, já que a combinação mascara os sintomas. De acordo com a psicoterapeuta Aldine Costa, não sentir os efeitos do álcool pode parecer bom, mas não é. É uma maneira de tapear o que o corpo está sentindo. “A pessoa não fica tão bem quanto pensa. Pode dirigir de maneira arriscada, e os órgãos do corpo são afetados da mesma maneira, ela sentindo ou não os efeitos”.

Venda é autorizada no país 
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, a venda de energéticos é autorizada no Brasil desde 1998, após a avaliação da agência sobre a segurança dos produtos. “Não existe nenhuma proibição quanto à comercialização dessas bebidas por parte da Comunidade Europeia e as mesmas estão dispensadas de registro na Anvisa”.

No entanto, há requisitos específicos de composição. Além disso, as embalagens devem conter obrigatoriamente as seguintes advertências, em destaque e em negrito: “Crianças, gestantes, nutrizes, idosos e portadores de enfermidades: consultar o médico antes de consumir o produto” e “Não é recomendado o consumo com bebida alcoólica”.

Segundo a Anvisa, os primeiros alertas se devem ao fato de o produto ter uma “elevada quantidade de cafeína em sua formulação”. Já a restrição à associação com álcool é feita porque “pode potencializar os efeitos da bebida e fazer com que o usuário tenha um julgamento errado sobre seu estado de embriaguez (tem a percepção de que não está bêbado, mas os efeitos do consumo de álcool sobre a coordenação motora continuam)”.

Sinais de maior sensibilidade
O cardiologista Eduardo Castro, fecha a questão dizendo que o problema está no uso indiscriminado dos energéticos sem que se saiba dos riscos. “As pessoas não costumam ler os rótulos, Se não tivesse qualquer tipo de perigo, não teriam advertências nas embalagens dos produtos. O risco maior está na dose, principalmente para quem tem sensibilidade à cafeína ou predisposição às arritmias ou faz parte do grupo citado nas embalagens (crianças, idosos, nutrizes, grávidas, com problemas de saúde)”.

Castro faz um alerta para as pessoas ficarem atentas a sinais de maior sensibilidade, como palidez, aceleração do coração, aumento da pressão, etc.

”A intoxicação por cafeína é manifestada pela presença de ansiedade, insônia, desconforto no estômago, tremores, taquicardia e agitação. Segundo ele, a informação é a maior arma contra o problema. “É essencial conhecer o que é energético, suas propriedades, o que é considerado um excesso de consumo. Os pais devem conversar com seus filhos sobre isso. Informar-se primeiro para depois informar o filho”, aconselha.

O grande problema é que faz parte da característica da nossa sociedade tentar burlar o que estamos sentindo e se faz isso de uma maneira excessiva, o tempo todo, e não só na questão do álcool.

Talvez esta também possa ser a explicação para o consumo crescente de energéticos, uma busca para “enganar” o sono, a timidez (no caso da associação com o álcool) e o corpo, prolongando a sensação de diversão na balada ou na malhação na academia.

Mas é preciso lembrar que o preço pode ser caro demais. Recentemente, pediatras americanos anunciaram que, nos últimos anos já foram registrados mais de 2,5 mil casos de internações e atendimentos por intoxicação por cafeína em menores de 19 anos. E já que essa associação é prática comum e permitida, por enquanto não há outro jeito: quem deve ficar alerta e moderar na na dose é o consumidor!


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