quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

FAO alerta para riscos de gripe aviária e outras doenças

Em meio à crise econômica, a falta de verbas para a prevenção da gripe aviária do tipo H5N1 e de outras doenças de origem animal pode ameaçar a segurança da cadeia alimentar mundial, advertiu ontem a Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

O veterinário chefe da FAO, Juan Lubroth, disse ao Valor que está sendo bastante difícil obter US$ 320 milhões dos países doadores para um projeto que visa monitorar "aspectos globais de coordenação e análises dos riscos de doenças animais".

Para Lubroth, isso ocorre quando é necessário mais do que nunca investir na prevenção para melhorar práticas de higiene, controle dos mercados e das fronteiras e a segurança sanitária nas fazendas.

Conforme a FAO, a gripe aviária representa o maior risco entre as doenças de origem animal. Amplos reservatórios do vírus H5N1 persistem em alguns países da Ásia e do Oriente Médio, onde a doença se tornou endêmica. Na ausência de controles adequados, o vírus poderá se "propagar facilmente em nível mundial, como aconteceu em 2006", segundo Lubroth.

Entre 2003 e 2011, a gripe aviária provocou a morte ou abate de mais de 400 milhões de frangos e patos, e prejuízos estimados em US$ 20 bilhões. Na época, 63 países foram atingidos. O H5N1 também pode ser transmitido ao homem. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o vírus afetou mais de 500 pessoas e matou mais de 300 no período avaliado.

Outra ameaça séria é a peste de pequenos ruminantes, doença contagiosa capaz de dizimar rebanhos de ovelhas e cabras. A doença se expande pela África Subsaariana e começa a aparecer no sul do continente, podendo causar estragos enormes.

Para Lubroth, a ironia é que existe uma excelente vacina para essa peste, mas cortes orçamentários, ausência de vontade política, de planificação e coordenação desastrosa impedem o uso do medicamentos.

"A continuação da crise econômica internacional significa que há menos dinheiro disponível para prevenção por parte das organizações internacionais e também dos próprios países", disse Lubroth em comunicado.

Países fortemente atingidos pela gripe aviária, como o Egito e algumas nações da Ásia, resistem em oferecer recursos para o programa da agência da ONU. Para superar o problema de cortes orçamentários, Lubroth sugere que as agências internacionais tentem ações comuns para investir na prevenção, lembrando que o custos e os perigos resultantes da falta de ações seriam muito elevados.

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