quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Receita de clubes da Série A cresce quase dez vezes mais que o PIB; custos também sobem

A receita conjunta de 16 dos 20 clubes que disputaram a Série A do Campeonato Brasileiro deste ano teve um crescimento real de 20% entre os dois últimos balanços publicados pelas agremiações. No mesmo período, o crescimento do PIB brasileiro foi de 2,7%. Tal crescimento, porém, não significa que os clubes tiveram tamanho ganho de caixa. Isso porque, no mesmo período, a soma de custos e despesas dos mesmos clubes cresceu, de forma consolidada, 17%. Os clubes incluídos no estudo são Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Santos, Portuguesa, Ponte Preta, Flamengo, Vasco, Fluminense, Botafogo, Cruzeiro, Atlético-MG, Grêmio, Internacional-RS, Coritiba e Figueirense.


As informações constam em estudo "Análise Econômico-Financeira dos Clubes de Futebol do Brasil", feito pelo banco Itaú BBA. As receitas dos clubes avaliados cresceram 29,7% (sem descontar a inflação) em 2011, com destaques para Santos (+62%), Vasco (+63%), Flamengo (+43%) e Corinthians (+36%). Na outra ponta da tabela, alguns clubes tiveram desempenho bem abaixo da média, como Grêmio (3%), Atlético Mineiro (+8%) e São Paulo (+15%). Em valores, os clubes faturaram R$ 1,9 bilhão em 2011 contra R$ 1,4 bilhão em 2010.
De acordo com o estudo do banco, este crescimento é baseado no aumento das receitas com direitos de televisão, que a cada ano aumenta sua participação no bolo de receitas (cerca de 36% das receitas em 2011 veio da TV, contra 18% de patrocínios e 15% da venda de direitos sobre atletas).
A exceção foi o São Paulo, que conseguiu agregar receita relevante através do aluguel do seu estádio, o Morumbi (18% das Receitas do clube). 
O estudo do banco Itaú BBA aponta ainda que a receita está concentrada em poucos clubes – em 2010, os cinco clubes de maior receita tinham 53% do total. Já em 2011, este número aumentou para 54,4% - mas há alteração nos componentes deste grupo. Em 2010, as agremiações eram Corinthians, Flamengo, Internacional, São Paulo e Palmeiras, que em 2011 foi substituído pelo Santos, positivamente impactado pelo título da Libertadores e sua presença no Mundial de Clubes.
Os técnicos do Itaú BBA que executaram o estudo entendem como positivo o crescimento de receitas dos clubes, fruto de um avanço na percepção do valor das marcas futebolísticas dentro de ações de marketing. Eles alertam, porém, que, junto com as receitas, as despesas e as dívidas dos clubes também vêm subindo, ainda que em menor proporção.
"Seria positivo se houvesse um investimento das novas receitas em projetos estruturais, como construção de centros de treinamentos e investimento em categorias de base, mas não é o que sempre ocorre. Muitos clubes estão consumindo as novas receitas em contratações milionárias de jogadores", aponta Mauro Martinez, gerente-geral de crédito do Itaú BBA e um dos autores do estudo.
 As despesas dos clubes cresceram 17% em 2011. Na contramão dessa tendência está o Palmeiras. O clube paulista teve redução de 20% em seus custos, fruto da redução nos valores gastos na aquisição de atletas. Já os times que mais ampliaram seus gastos foram Figueirense (91%), Coritiba (68%), Santos (40%) e Botafogo (32%).

Distribuição das receitas dos clubes

 20102011
Direito de transmissão de TV20%25%
Publicidade e patrocínio8%22%
Transações de atletas32%21%
Bilheteria/sócio torcedor22%22%
Receitas diversas18%10%
  • Fonte: Análise Econômico-Financeira dos Clubes de Futebol do Brasil (banco Itaú BBA)
  • Despesas também crescem

    RECEITA X DESPESAS*

    AnoReceita (em R$ milhões)Despesas (em R$ milhões)
    2009151150
    2010141154
    2011176178



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