sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

"EM 2013, A LUTA CONTINUA!"


Em artigo exclusivo para o 247, o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, que foi condenado a oito anos e 11 meses de prisão, fala sobre sua pena, defende o legado dos governos de Lula e Dilma, diz que a "elite reacionária transbordou em seu ódio ideológico" e se compara aos partisans franceses. "Não importa o companheiro que cai. Outro sairá da sombra, assumirá o seu lugar, levará adiante a luta e vencerá. Isso é o que conta", afirma.
Pela primeira vez, um dos protagonistas do chamado "mensalão", o ex-tesoureiro Delúbio Soares, do PT, falou abertamente sobre sua condenação a oito anos e 11 meses de prisão. Num artigo exclusivo para o 247, ele exaltou o êxito dos governos de Lula e Dilma, apontou o "ódio ideológico" da elite brasileira e se comparou aos partisans franceses, sinalizando que, a despeito de sua queda, outro companheiro "sairá da sombra, assumirá o seu lugar, levará adiante a luta e vencerá". Leia:
2013, a luta continua
Delúbio Soares (*)
No ano de 2012, como consequência natural do processo social e político vivido desde 2002 em nosso país, chegamos à histórica quadra onde todas as forças políticas se apresentaram. As forças reacionárias que sempre conspiraram contra o Brasil, contra seu povo e os objetivos maiores de desenvolvimento e justiça social, não puderam mais esconder-se. Hoje, há mais transparência na vida institucional: o povo sabe quem está contra ele.
Ao contrário do que muitos possam acreditar, não retrocedemos nas muitas conquistas alcançadas desde a chegada do companheiro Lula à presidência da República. Apesar do enorme esforço da direita, de grande parte da mídia, da judicialização da vida institucional e da tentativa de criminalização da atividade política, não se arredou um centímetro sequer do muito que se avançou, com Lula e com Dilma.
Nossos adversários políticos fracassaram em três eleições presidenciais consecutivas. E pior: perderam o bonde da história e a confiança popular. Falta-lhes voto, sobra-lhes ódio.
Como conseguirão fazer com que 40 milhões de brasileiros que saíram da pobreza mais aviltante e ingressaram na classe média, retornem às condições miseráveis em que viviam? O que farão com milhares de jovens pobres, negros e indígenas, antes discriminados e sem oportunidade, que encontraram abertos os portões das universidades através do revolucionário Pro-Uni? Os expulsarão?
A elite mais reacionária e preconceituosa, que em 2012 transbordou em seu ódio ideológico, em seu preconceito social e na congênita e sabida mesquinhez, não mais pode conter sua ira quando se viu obrigada a viajar em aviões lotados por trabalhadores e suas famílias, por exemplo. A autêntica perversão de reinar sobre um país pauperizado, doente, sem instrução e sem amanhã, foi derrotada pelo nascimento de uma Nação mais justa e fraterna.
Porém, há uma parcela importante da classe dominante, representada por articulistas da grande imprensa, empresários monopolistas e banqueiros ligados aos partidos da direita, como o PSDB e o DEM, pseudo-intelectuais e oportunistas de toda sorte, que não aceitam de forma alguma - claramente sofrendo inusitada dor íntima – o fato de que um operário e uma ex-presa política chegaram à presidência do Brasil e realizaram (e realizam) governos reconhecidamente exitosos, competentes e com imenso prestígio nacional e internacional. Dói no íntimo dessa malta de ressentidos que o seu escolhido, o incensado “príncipe dos sociólogos”, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, um ex-marxista envergonhado, carregue a marca de ter quebrado o Brasil em três diferentes oportunidades, de ter vendido o melhor do patrimônio público a preço vil em processo de privatização verdadeiramente lodoso, de ser escondido a cada campanha eleitoral pelo seu próprio partido. Sofrem com derrotas expressivas como a de José Serra, em São Paulo, quando a população optou pela competência, a sensibilidade social e a seriedade de Fernando Haddad, um ótimo ex-ministro de Lula e Dilma.
Não há razão objetiva para a oposição kamikaze que se move contra as administrações petistas. Há o ódio de classe. Há a revanche política. Há o preconceito ideológico. Há, sobejamente, o ressentimento pelo fracasso demo-tucano e pelo cristalino êxito dos três mandatos de Lula e Dilma. Simples assim.
Ainda agora assistimos, ao apagar das luzes de 2012, o desespero da oposição, seja partidária seja midiática, buscando desestabilizar o governo Dilma com críticas sem cabimento à política econômica. Os mesmos que se calaram (e apoiaram, até) diante dos seguidos fracassos da política entreguista e autoritária de FHC e Pedro Malan, não buscam esconder a conspiração em andamento contra a estabilidade econômica alcançada e a condução serena por parte do ministro Guido Mantega.
Com enorme resiliência e comprovado espírito democrático, o governo do PT e partidos da base aliada dá mostras de vitalidade e competência. O comércio e a indústria no período das festas natalinas venderam a impressionante cifra de aproximadamente R$ 200 bilhões, ostentando dados robustos: 5,1% de aumento sobre as vendas no mesmo período em 2011. As vendas nos shoppings aumentaram 6% em relação ao exercício anterior. O comércio online chegou aos 18% de aumento! No Rio Grande do Sul o crescimento foi de mais de 9%; em Belo Horizonte, de significativos 5%; a média nos Estados do Nordeste foi de mais de 6%. O poder de compra dos trabalhadores, da nova classe média, dos que realmente trabalham e constroem a grandeza do país está movimentando nossa economia. E isso é fruto do modo petista de governar.
Nossa crença no Brasil desenvolvido e forte, no país onde se estabelece a cada dia uma democracia de oportunidades, na pátria consolidada na justiça social, é inabalável. Ingênuos seríamos se acreditássemos que se poderia transformar tanto nosso país, mudar de forma tão evidente a correlação de forças, tirar da miséria, do analfabetismo, do abandono por parte dos poderes públicos, dezenas de milhões de irmãos nossos e não pagar o alto preço de tamanha e tão sagrada ousadia. Mas qualquer sofrimento pessoal, qualquer proscrição política, qualquer provação familiar, é nada diante da imensa certeza do dever cumprido para com o Brasil e seu povo.
Há uma certeza, apenas: a marcha dos brasileiros rumo ao futuro, consolidando conquistas, vivendo num país mais justo socialmente e mais desenvolvido economicamente, com menos pobreza e mais igualdade, é definitiva e não poderá jamais ser impedida ou evitada. Já sabemos quem e quais são os vitoriosos da grande revolução pacífica que iniciamos com Lula e continuamos com Dilma.
Viver é lutar. Quando em 1979 fundamos o PT (e eu e outros muito poucos estávamos lá...) nós o fizemos como a concretização de um sonho generoso. Nós já queríamos e lutávamos por um país onde os pobres estudassem, comessem, tivessem sua casa e trabalho decente, pudessem comprar um carro e viajar de avião. Sonhávamos abrir as universidades para os filhos do povo. Queríamos governar para os negros, para as mulheres, para os idosos, para as crianças, para os indígenas, para as minorias. Fomos alvo da galhofa ou da descrença. Aguentamos as perseguições e as incompreensões. Mas, vencemos. Diante de tamanha realidade, todo sofrimento é pequeno se consagrado aos ideais que acalentaram (e acalentarão sempre) nossas vidas.
Como no lema dos históricos partisans, que resistiram à invasão da França pelo nazismo - e venceram - não importa o companheiro que cai. Outro sairá da sombra, assumirá o seu lugar, levará adiante a luta e vencerá. Isso é o que conta.

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