Em outubro, comemoram-se 120 anos do nascimento de Graciliano Ramos, um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos em razão da qualidade literária de sua obra e de sua importância para a cultura nacional.
Para marcar a data, a editora Record, que publica toda a obra do alagoano, lança um livro inédito do autor: Garranchos, um volume com mais de 80 textos produzidos entre os anos 1910 e 1950, preciosidades que estavam esquecidas em velhos periódicos e acervos de todo o país e que agora chegam ao público.
Ao mesmo tempo, a editora realiza em três capitais - São Paulo, Belo Horizonte e Recife - seminários com escritores, ensaístas e artistas plásticos sobre a obra do escritor. E lança também um box com os quatro romances escritos por Graciliano, que será o autor homenageado na Festa Literária Internacional de Parati (Flip) do ano que vem.
LIVRO INÉDITO
Garranchos, que chega às livrarias na próxima semana, reúne textos produzidos em diferentes momentos da trajetória artística, intelectual e política de Graciliano. Os escritos foram organizados pelo pesquisador Thiago Mio Salla, doutor pela USP e um dos mais proeminentes estudiosos de Graciliano.
No livro, estão reunidas crônicas, epigramas, artigos de crítica literária, discursos políticos, cartas publicadas na imprensa, o primeiro ato de uma peça de teatro, além de um conto juvenil intitulado “O ladrão”, datado de julho de 1915, entre outros textos até agora desconhecidos. Uma obra necessária, um achado único, que perpassa as inúmeras vertentes de um dos escritores brasileiros mais importantes de todos os tempos.
Por mais de sete anos, Thiago Mio Salla garimpou acervos de todo o país em busca destes valiosos achados até então jamais reunidos e publicados em livro. Ao trazer à tona o universo do escritor, Garranchos reúne informações sobre os mais diferentes assuntos e personalidades da primeira metade do século XX.
RELEVÂNCIA
Escritor abrasileirou movimentos de vanguarda iniciados na Europa
Escritor abrasileirou movimentos de vanguarda iniciados na Europa
Dois livros e duas histórias: uma de pobreza e outra de riqueza. Vidas Secas e São Bernardo: um retrato do Nordeste brasileiro pelo escritor Graciliano Ramos. Esse foi o assunto da aula de literatura no Projeto Educação, do portal de internet G1.
Os movimentos de vanguarda que surgiram na Europa no início do século XX, chegaram aqui de um jeito diferente: foram abrasileirados. A literatura se voltou para os problemas do país. Os escritores nordestinos, por exemplo, falaram sobre a seca, o latifúndio, a escravidão.
“Raquel de Queiroz, Jorge Amado, Graciliano Ramos, José Lins do Rêgo, José Américo de Almeida [...] São escritores que estão explicando para o resto do Brasil os problemas específicos do Nordeste. Aqui no Nordeste, a lógica é latifúndio, monocultura, escravidão e exportação. São os pilares em cima dos quais o Nordeste se construiu”, comentou a professora de literatura Flávia Suassuna.
Em 1938, Graciliano Ramos publicou Vidas Secas. O livro conta a história de uma família de retirantes do Sertão nordestino. Até hoje é considerado um dos livros mais importantes da literatura brasileira.
“Nós temos quatro personagens que são seres humanos: Fabiano e Sinhá Vitória, dois adultos sem sobrenomes. E nós temos duas crianças sem nome, o livro fala o tempo todo de o menino mais velho e o menino mais novo. Essas quatro personagens são muito sofridas, não conseguem sair da situação de pobreza em que estão, ficam andando em círculos sem conseguir escrever a história da saída dessa situação. Esses personagens, eles são totalmente incapazes de se comunicar, de sonhar, de amar, de ser amado. O que é que Graciliano Ramos faz do ponto de vista da forma desse mito? Ele faz uma coisa muito criativa, ele pega uma cachorrinha chamada Baleia, que é uma personagem belíssima no livro, o autor ele humaniza este animal. Essa cachorrinha, ela tem todas as características humanas, ela ama, ela é amada, ela consegue se fazer entender, ela é entendida por todos os outros personagens, ela sonha e ela reparte. Tudo que gente faz no livro, quem faz é Baleia”, explicou Suassuna.
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