sábado, 28 de abril de 2012

CONFERÊNCIA SOBRE DEFESA AGROPECUÁRIA DISCUTE RISCOS DO MAL DA VACA LOUCA

A descoberta do caso de “Vaca Louca” em um animal leiteiro na Califórnia (EUA) esta semana aqueceu as discussões sobre o tema na tarde de ontem (25) na III Conferência Nacional sobre Defesa Agropecuária (III CNDA), que acontece em Salvador até amanhã (27). O painel sobre doenças priônicas reuniu cerca de 300 pessoas para analisar os riscos de introdução da Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), mais conhecida como Mal da Vaca Louca, e as notificações da Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), ambas provocadas por agentes infecciosos protéicos (príons) que afetam as estruturas cerebrais e tecidos neurais dos mamíferos, incluindo os humanos. As doenças não possuem cura e são fatais em 100% dos casos.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) afirma que não houve entrada de carne bovina contaminada e acredita o fato não vai alterar o status do país junto à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), nem prejudicar as exportações norte-americanas, embora os preços do boi gordo no mercado futuro dos EUA tenham sofrido queda.

Na Bahia, a Agência de Defesa Agropecuária (Adab), órgão vinculado à Secretaria da Agricultura do Estado, é a instituição responsável por impedir a introdução da EEB e outras doenças no rebanho baiano, estimado em mais de 11 milhões de cabeças. Na tarde de ontem a Agência apresentou os dados, ações e estratégias para monitorar áreas de risco e manter o “Mal da Vaca Louca” longe das 265 mil propriedades rurais na Bahia.

Entre as principais ações, o Coordenador do Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros (PNCRH), José Neder, apontou as vigilâncias clínica e no abate dos animais, a vigilância em alimentos para ruminantes e o monitoramento mensal de animais importados da Europa ou países com notificação da doença. Outro fator que contribui para a manutenção da sanidade dos rebanhos na Bahia é o estudo qualitativo e classificação das áreas de risco para a EEB, concluído no último mês de março pela Adab. A classificação foi definida após a aplicação de questionários técnicos em todos os municípios baianos e elaborados com parâmetros epidemiológicos pelo Ministério da Agricultura (Mapa).

O mapeamento das áreas de risco apontou os municípios com maior probabilidade de ocorrência da EEB, facilitando o desenvolvimento das medidas de prevenção e das atividades de rotina da defesa agropecuária em cada região. “Nunca tivemos casos dessa doença na Bahia, mas a determinação e classificação de áreas de risco oferecem importantes subsídios para a otimização das ações por parte dos Estados, racionalizando recursos humanos e financeiros nas tarefas em campo, evitando que a doença chegue aos plantéis brasileiros e baianos”, disse José Neder, lembrando que o fator de maior risco no Estado é a prática da cama de frango, o uso de farinha de carne e ossos não calcinados (não torrados) e de ração não fiscalizada para alimentar os bovinos.

A partir desses dados, a Adab já elaborou ações preventivas direcionadas. “Nosso objetivo é tornar mais eficiente a defesa agropecuária no Estado, mantendo os rebanhos da Bahia e do Brasil livres dessa doença”, ressaltou Neder, afirmando que o Brasil nunca registrou casos do Mal da Vaca Louca, pois, além de ter a maior parte do seu rebanho criado a pasto, aplica as medidas recomendadas internacionalmente de vigilância e de mitigação de risco.

Nos últimos sete anos também não houve importação de bovinos vivos ou de farinha de ruminantes de países considerados de risco para a doença. No mês passado a Comissão Científica para Enfermidades dos Animais da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), com sede em Paris, concluiu que o Brasil tem todas as condições para mudar a classificação de risco Controlado para Insignificante, o que determinará um ganho comercial ao país, já que aumentará o número de países para a comercialização de animais vivos e produtos e subprodutos de origem animal. A confirmação do parecer favorável ainda depende de consulta aos 178 países-membros da OIE. Caso não existam objeções fundamentadas, a Comissão Científica apresentará a recomendação para a mudança de status durante a Assembléia Mundial de Delegados da organização, marcada para o próximo mês de maio.

Com informações da Ascom/SEAGRI

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