quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Ator preso por engano no Rio de Janeiro deve ser solto nesta quarta


O advogado Rubens Nogueira de Abreu, de 72 anos, chegou às 8h30 desta quarta-feira, 26, à Cadeia Pública Juíza de Direito Patrícia Acioli, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, onde seu cliente, o ator Vinícius Romão de Souza, está detido.

O advogado foi levar roupas que Souza, beneficiado ontem por uma ordem judicial de liberdade provisória, vai usar quando for libertado, o que deve acontecer ao longo do dia de hoje. Vinícius Romão, que fez uma participação na novela da TV Globo “Lado a Lado”, foi preso na noite de 10 de fevereiro sob acusação de ter roubado uma mulher no Méier, na zona Norte do Rio.

A vítima, que inicialmente reconheceu o ator como o autor do crime, voltou atrás no depoimento e admitiu ontem ter errado ao apontá-lo como o homem que havia levado sua bolsa. A libertação do ator depende da chegada ao presídio do oficial de Justiça, que vai apresentar o alvará de soltura.

Não há horário determinado para que isso aconteça. “Minha preocupação agora é que ele saia, e isso só depende da chegada do oficial. Não sei a que horas será, mas vou entregar as roupas e aguardar até a libertação”, disse Abreu.

Ator deve responder pelo crime na Justiça, diz delegado
O delegado Niandro Lima, titular da 25ª DP (Engenho Novo), afirmou na terça-feira (25) que o ator Vinícius Romão de Souza, 27, ainda terá que responder na Justiça pelo processo de roubo, mesmo sendo inocentado e liberado da cadeia.

Romão foi confundido com um assaltante que roubou a bolsa de uma mulher no viaduto de Todos os Santos, no Rio de Janeiro. Ele estava preso desde o dia 10 e só conseguiu a liberdade provisória ontem. A vítima do roubo também confirmou que pode ter se enganado no reconhecimento. “O procedimento policial [contra o ator] foi encerrado, mas isso deu origem a um processo e quem vai comprovar a culpa ou absolvição vai ser o juiz em uma sentença”, afirmou o delegado, que caracterizou a prisão do ato como “um equívoco”.

Lima disse que o roubo foi rápido, violento e que era noite, o que leva a crer que “nem a vítima, nem o policial civil agiram de má fé” e por isso não devem responder pelo crime de falso testemunho. Mesmo assim foi aberta uma sindicância na Corregedoria da Polícia Civil para apurar a ação de Waldemiro Junior. “Acredito que tenha sido um equívoco mesmo em razão da semelhança entre o Vinícius e o autor. A vítima disse que eles eram muito parecidos e vestiam roupas semelhantes”, disse o delegado.

“Apesar dele não ter sido pego com os pertences dela, houve um tempo em que o autor ficou sozinho e poderia se desfazer do material roubado. Agora, com esse reconhecimento dúbio nós achamos prudente impetrar um habeas corpus em favor dele e comunicar esse fato à Justiça de que ela [vítima] já não tem convicção com relação a esse reconhecimento”, acrescentou.

Na bolsa que o ator era acusado de ter roubado havia apenas R$ 10 e um bilhete de ônibus. Segundo a polícia, Romão não tinha passagem pela polícia.

Depoimento
Em novo depoimento à polícia, a copeira Dalva da Costa Santos, vítima do assalto, disse que “existe a possibilidade de ter havido um equívoco [na hora de reconhecer o jovem], um erro devido ao nervosismo na ocasião”. Ciente do noticiário que falava na possível inocência do ator, de que ele poderia ter sido confundido com o verdadeiro assaltante, Dalva admitiu na delegacia hoje que, no dia do assalto, “ficou em dúvida se tinha sido realmente ele o autor do roubo”.

A copeira disse que chegou a pensar em retornar à polícia no dia seguinte para “retirar a queixa”, e que só não o fez por não ter o dinheiro da passagem. Ela destacou ainda que tem certeza que o policial que passava pelo local e prendeu o jovem em flagrante, “mesmo hesitante”, só conduziu o ator à delegacia porque ela o reconheceu na hora como autor do crime.

O ator fez parte do elenco da novela “Lado a Lado”, da TV Globo. Formado em psicologia, nos últimos meses, trabalhava como vendedor em um shopping na zona norte do Rio e voltava para casa na hora da abordagem policial.


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