Por enquanto, os envolvidos nas pesquisas adotam discurso cauteloso. Entretanto, não deve estar longe o dia em que um holograma de Dom Pedro I com altura, forma e voz iguais às do monarca português que proclamou a Independência em 1822 poderá receber os visitantes do Museu do Ipiranga, por exemplo. "Qualquer coisa nesse sentido precisa antes ser conversada com a família imperial. Precisamos respeitar. Eles têm uma inegável imagem histórica, mas o estudo traz muitas possibilidades e muita gente vai ter ideias sobre isso", diz o médico radiologista Edson Amaro Júnior, coordenador de neuroimagem funcional da Faculdade de Medicina da USP. "Só é preciso ficar claro que não estamos vendendo suvenir de Dom Pedro."
Na etapa já desenvolvida, as alturas das três figuras históricas já foram estimadas. É possível utilizar o mesmo princípio para, em um desdobramento mais minucioso e demorado, simular estatisticamente como seriam seus rostos, por exemplo. É exatamente a mesma técnica utilizada há pouco na Inglaterra, para recriar a face do rei Ricardo III.
Para isso, será preciso tabular os dados conhecidos de cada osso e cruzar com a média da população humana, a fim de conseguir as estimativas de gordura e pele para cada segmento. "É algo que levará muitos meses e envolverá vários especialistas", explica Amaro. "Temos o componente estatístico, quando consideramos as médias da população, e o determinístico, ao avaliarmos as dimensões da própria ossada."
Procedimento semelhante também deve possibilitar a simulação dos movimentos desses personagens e até mesmo a recriação do timbre da voz. "Para isso, precisamos reconstruir os seios da face, a laringe, a faringe, a amplitude do pulmão e a caixa torácica. Tudo isso interfere na voz de uma pessoa", explica.
DNA
Outro desdobramento importante deve ser a análise do DNA das figuras históricas. Foram colhidas amostras dos três personagens - embora, pelo fato de o material ter mais de um século, não há a certeza de que algo poderá ser estudado. "Os resultados devem sair ainda neste ano", afirma o médico patologista Luiz Fernando Ferraz da Silva, da Faculdade de Medicina da USP. "Estamos firmando um contrato com um instituto americano. O sequenciamento leva de 2 a 3 meses. A análise, outros 4 meses." Os exames de DNA nos três personagens, informa o professor, custarão entre US$ 30 mil e US$ 40 mil.
Com o mapeamento dos genes da família imperial, a equipe médica espera conseguir esmiuçar mais a fundo algumas doenças relacionadas a mutações específicas. "Um exemplo é o caso da epilepsia de Dom Pedro. Em alguns casos, essa doença pode ter relação com alterações genéticas", diz Ferraz da Silva.
Para isso, será preciso tabular os dados conhecidos de cada osso e cruzar com a média da população humana, a fim de conseguir as estimativas de gordura e pele para cada segmento. "É algo que levará muitos meses e envolverá vários especialistas", explica Amaro. "Temos o componente estatístico, quando consideramos as médias da população, e o determinístico, ao avaliarmos as dimensões da própria ossada."
Procedimento semelhante também deve possibilitar a simulação dos movimentos desses personagens e até mesmo a recriação do timbre da voz. "Para isso, precisamos reconstruir os seios da face, a laringe, a faringe, a amplitude do pulmão e a caixa torácica. Tudo isso interfere na voz de uma pessoa", explica.
DNA
Outro desdobramento importante deve ser a análise do DNA das figuras históricas. Foram colhidas amostras dos três personagens - embora, pelo fato de o material ter mais de um século, não há a certeza de que algo poderá ser estudado. "Os resultados devem sair ainda neste ano", afirma o médico patologista Luiz Fernando Ferraz da Silva, da Faculdade de Medicina da USP. "Estamos firmando um contrato com um instituto americano. O sequenciamento leva de 2 a 3 meses. A análise, outros 4 meses." Os exames de DNA nos três personagens, informa o professor, custarão entre US$ 30 mil e US$ 40 mil.
Com o mapeamento dos genes da família imperial, a equipe médica espera conseguir esmiuçar mais a fundo algumas doenças relacionadas a mutações específicas. "Um exemplo é o caso da epilepsia de Dom Pedro. Em alguns casos, essa doença pode ter relação com alterações genéticas", diz Ferraz da Silva.
Estadão
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