A expressão clássica do crime organizado são as máfias, e entre as máfias a mais famosa e glamourizada, inclusive por Hollywood e a Cosa Nostra (Coisa Nossa)
Oriunda da Sicília, esta organização espalhou-se pelos Estados Unidos e se tornou a mais rica e importante organização criminosa do mundo. A Cosa Nostra na Sicília se tornou um Estado dentro do Estado, controlando a polícia, a justiça, os meios de comunicação e a política da Ilha, a partir de sua aliança com o Partido Democrata Cristão e o Alto Clero da Igreja Católica. Aqueles que não se submetiam á lógica mafiosa eram alvos de atentados e assassinatos como os juízes Falcone e Borselino (estes crimes causaram tamanha indignação que a população exigiu um combate enérgico á organização criminosa).
A Cosa Nostra possuía o seu código de silêncio a omertá e quem desrespeitava este mandamento era sumariamente executado. Esta digressão sobre a máfia siciliana e seu código de silêncio, a omertá, me ocorreu por analogia ao silêncio sepulcral da imprensa em geral e das televisões em particular sobre o vergonhoso envolvimento de um jornalista da revista Veja com um dos chefes do crime organizado conhecido como Carlinhos Cachoeira.
Esta revista que sempre se colocou como a Vestal das Vestais da imprensa brasileira, que atacou e ataca impiedosamente a honra e a dignidade dos seus desafetos, especialmente se pertencem ou simpatizam com o Partido dos Trabalhadores, que guinda indivíduos como o Senador Demóstenes Torres á condição de paladinos da moralidade, simplesmente apresenta a singela explicação que seu funcionário teria Carlinhos Cachoeira como “Fonte”. Será que se o jornalista em questão fosse assessor de algum parlamentar do PT ou funcionário da EBC (Empresa Brasileira de Comunicação-empresa pública federal), esta singela explicação seria aceita pela mídia em geral e pela revista Veja em particular? Quais seriam as manchetes? No mínimo seriam do tipo - Governo Dilma e o PT de braços dados com o crime organizado. CPI para apurar as atividades criminosas do PT e outras manchetes tão aviltantes que sequer tenho estômago para citar.
A verdade factual que a grande mídia se recusa a publicar e que são no mínimo suspeitas as relações entre a revista Veja e o contraventor Carlinhos Cachoeira, que estas relações são incompatíveis com o papel da imprensa, que pode ter ocorrido crime ou não e é preciso investigar a fundo para que a verdade apareça que caso não tenha ocorrido crime, mesmo assim a relação entre a revista e o contraventor não é saudável para a democracia e muito menos para a liberdade de expressão. Estas verdades factuais evidentes para qualquer pessoa de boa-fé são sumariamente varridas para debaixo do tapete pelo seleto grupo de plutocratas que controla a mídia no Brasil.
Estes mesmos plutocratas são aqueles se inflamam, se arrepiam e se rasgam a qualquer menção sobre políticas públicas de controle social da mídia e da revisão das políticas vergonhosas de concessões de rádios e televisões, aqueles que ao menor rumor sobre políticas de democratização dos meios de comunicação celeremente as taxa de autoritárias e que o país descamba para a ditadura, aqueles que esbravejam e vociferam contra políticas e leis de conteúdo regional mínimo (que no mais das vezes sequer cumprem estas leis), são os mesmos que qual a Cosa Nostra se protegem com um pacto de silêncio.
Os cidadãos brasileiros doravante ao ouvir os arautos destes interesses midiáticos gritarem “Liberdade de expressão!”, “Liberdade de expressão!”, devem entender que o que realmente eles estão bradando é “Omertá!”, “Omertá!”, ou seja, o que eles querem realmente e continuar com o poder de cercear as informações que não são de seu agrado enquanto continuam a fazer as suas cachoeirices.
Yulo Oiticica é deputado estadual e líder da bancada do PT-Bahia
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