A apicultura é alternativa de renda e inclusão social para agricultores familiares. O pólen produzido pela Associação Brejo-grandense de Criadores de Abelhas e Artesãos, em Sergipe, e o mel produzido pela Cooperativa Regional dos Apicultores do Médio São Francisco (Coopamesf), na Bahia, ambas apoiadas pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), são bons exemplos de estruturação e fortalecimento da atividade.
A Associação Brejo-grandense foi criada para fortalecer os apicultores da região do município sergipano de Brejo Grande. Hoje, 25 famílias tiram o sustento da casa ou complementam a renda com a apicultura. “Cada família tem seu apiário, mas a produção é processada e vendida no coletivo. A apicultura é uma renda quase que fixa”, afirma Jucilene Santana do Santos, apicultora e tesoureira da associação. Animada com a procura pelo produto, a apicultora destaca os benefícios do pólen da associação, que, segundo ela, é a maior produtora do estado, com cerca de duas toneladas por ano. “O nosso pólen tem um diferencial. Se você comer outros polens, eles têm um gosto amargo, e o nosso é doce. Ele é gostoso, dá para saborear”, diz. “Quem quer saúde come pólen diariamente. Ele é bom para a pele e ajuda a ganhar massa muscular”, acredita Jucilene.
No Médio São Francisco baiano, a Coopamesf – criada inicialmente como associação comunitária em 2003 – reúne cerca de 50 apicultores, que produzem mel de alta qualidade. A cooperativa, com sede em Ibotirama (BA), conta com o apoio da Codevasf para buscar o desenvolvimento territorial com foco na agricultura familiar. “A Codevasf cadastrou os apicultores da região do Território da Cidadania do Velho Chico para receber os kits para ajudar no fortalecimento de toda a cadeia produtiva. E assim fazer com que os apicultores nas comunidades se organizem em associações e também se despertem para o cooperativismo”, destaca João Alcântara Ribeiro Filho, agente comunitário de apicultura na comunidade Alvorada, no município Brotas de Macaúbas (BA).
O apoio da Codevasf para estruturação e fortalecimento da atividade é feito por meio da capacitação de apicultores; implantação e estruturação de unidades de beneficiamento de mel, aquisição de equipamentos para entrepostos de mel, fornecimento de kits produtivos, entre outras ações, de acordo com a necessidade de cada região. A Companhia também apoia a participação de produtores e técnicos em seminários, congressos, eventos de divulgação e comercialização de produtos apícolas e intercâmbios. “É uma oportunidade de capacitar e promover a troca de conhecimentos e experiências, além de possibilitar a inserção da agricultura familiar no mercado”, explica Rosangela Soares Matos, chefe da Unidade de Arranjos Produtivos da Codevasf.
Para estruturar a atividade apícola, a Codevasf investe em diversas ações em toda sua área de atuação. Desde 2012, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Regional do Ministério da Integração Nacional (SDR/MI), a Companhia está investindo cerca de R$ 38 milhões na apicultura. Os investimentos, que integram o eixo de inclusão produtiva do Plano Brasil Sem Miséria, vão beneficiar cerca de cinco mil famílias com kits produtivos.
De 2004 a 2011, a Companhia investiu cerca R$ 19 milhões em toda sua área de atuação, com destaque para o norte de Minas; sudeste e sudoeste do Piauí; Moxotó, Araripe, Pajeú e Sertão do São Francisco, em Pernambuco; microrregiões de Ibotirama, Bom Jesus da Lapa e Juazeiro, na Bahia, e territórios do Baixo São Francisco, em Alagoas e Sergipe. Com esses investimentos, foram realizados recuperação de pastos apícolas; fornecimento de colmeias, indumentárias e equipamentos apícolas; e implantação de apiários, casas de mel e entrepostos. “As ações são importantes para o crescimento e o fortalecimento da atividade. A apicultura é excelente alternativa para a inclusão produtiva e para a geração de renda dos agricultores familiares”, ressalta Izabel Aragão, gerente de Desenvolvimento Territorial da Codevasf.
APLs
Os arranjos produtivos locais (APLs) são caracterizados por um número significativo de empreendimentos e de indivíduos que atuam em torno de uma atividade produtiva predominante na região, como a ovinocaprinocultura, fruticultura, bovinocultura, apicultura, aquicultura e mandiocultura. A estruturação e o fortalecimento dos arranjos produtivos têm forte impacto na vida dos moradores de regiões que convivem com a seca. A estruturação dos arranjos produtivos é feita por meio da mobilização e orientação dos produtores, que são estimulados a atuar associadamente. Após a identificação dos pontos frágeis da cadeia produtiva, a Codevasf busca atuar na promoção de seu fortalecimento, seja na produção, por meio da doação de equipamentos, insumos e animais, seja na melhoria da qualidade do produto, com a construção de unidades de produção e beneficiamento, bem como em capacitações, necessárias para o êxito das atividades.
A Codevasf atua, desde 2004, na estruturação das atividades produtivas promovendo o desenvolvimento regional em benefício das populações das bacias dos rios São Francisco, Parnaíba, Itapecuru e Mearim. Em parceria com SDR/MI, a partir de 2012, a Companhia passou a ser uma das principais executoras do eixo de inclusão produtiva do Plano Brasil Sem Miséria – Programa Desenvolvimento Regional, Territorial Sustentável e Economia Solidária – sendo as “Rotas de Integração Nacional” a principal estratégia de atuação no adensamento de Arranjos Produtivos Locais (APLs).
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