sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Médicos do SUS cobravam propina para implantar marcapassos


Dois médicos do SUS (Sistema Único de Saúde) e sete empresários foram denunciados acusados de envolvimento em um esquema de implantação de marca-passos em troca de propinas em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), em alguns casos os aparelhos seriam implantados de forma desnecessária em vários pacientes, colocando em risco a saúde dos mesmos.

Ao todo, nove pessoas foram denunciadas pelo MPF pelos crimes de corrupção, peculato, falsidade ideológica e formação de quadrilha. Segundo o órgão, no período de 2003 a 2008, a dupla de médicos credenciados pelo SUS adquiriu desfibriladores e realizou implantes de marca-passos em números acima dos encontrados no restante do país.
As investigações acabaram apontando para a existência de um esquema que envolvia empresas que fabricavam e que revendiam os aparelhos que, em troca, pagavam propinas aos médicos. O valor de algumas delas chegava a cerca de R$ 48 mil.
Conforme o MPF, os acordos eram registrados em planilhas e relatórios, com os percentuais das comissões fixados entre 5 a 10% do valor dos aparelhos. O pagamento era efetuado através de depósitos ou transferências bancárias em contas pessoais dos médicos. Ainda de acordo com o órgão, para justificar a saída dos recursos, as empresas registravam os depósitos e transferências bancárias por meio da emissão de notas fiscais frias. Os médicos, por sua vez, chamavam as propinas de “estudos clínicos”.
As cirurgias de implante de marca-passos eram realizadas no Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), e tinham como alvo pacientes do SUS. A denúncia do MPF afirma também que os denunciados centralizavam os procedimentos, sem solicitar opiniões de outros médicos cardiologistas.
Segundo o Ministério Público Federal, em paralelo aos implantes realizados, foi elaborado pelos médicos um sistema de recolhimento de assinaturas de outros cardiologistas, incluindo, algumas vezes, a do próprio diretor do hospital. Conforme o órgão, “tal expediente se dava para legitimar o implante, como se as mais altas autoridades médicas do HC tivessem tido contato com o paciente e aprovado a medida adotada. Entretanto, a prática era outra, apenas formal, e mesmo com todas as a assinaturas, o controle da situação residia apenas nas mãos dos denunciados”.
R7

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